Personagens: Narrador, Marta, Mestre, Luís e Rita.
Narrador: Era uma vez um chefe pasteleiro que era muito preguiçoso.
Marta: Mestre, poderia dar-me uma ajuda?
Chefe: Não me peças favores! E o que é que eu ganho com isso?
Marta: Já vi que, além de preguiçoso, é mau. Não mexe uma palha para ajudar os outros.
Luís: Deixa lá, que eu ajudo-te!
Rita: Mestre, lembra-se de, há dias, me ter mandado fazer três bolos?
Chefe: Sim, lembro-me…
Luís: O que é que lhes aconteceu?
Rita: Venderam-se dois de manhã, mas o terceiro continuou na montra até ao final do dia.
Marta: Eu lembro-me disso. Subitamente, passou em frente da pastelaria um amola-tesouras. Quando viu o bolo, entrou.
Rita: Tinha apenas umas moedas no bolso. O homem pensou que talvez conseguisse levar o bolo em troca do seu trabalho.
Luís: Mas o mestre apareceu e, como é desapiedado, disse logo que não tinha facas para afiar.
Marta: O amola-tesouras insistiu, e ofereceu-lhe uma esponja especial para lavar as facas.
Chefe: E eu aceitei. Afinal, se o bolo ficasse na montra, acabava por se estragar em poucas horas, coisa que não acontece com a esponja.
Rita: Mas conte-nos a história toda, Mestre!
Chefe: Nessa noite, tive um sonho. A esponja falava e dizia-me: «Eh, tu, pasteleiro preguiçoso! Já reparaste como os teus utensílios estão imundos? Vamos, vamos, toca a mexer! Limpa, limpa tudo!»
Luís: E desculpe que lhe pergunte: o Chefe foi limpar?
Chefe: Sim, até limpei. E, depois, fui para casa.
Rita: Mas a história não acaba assim… Quando chegou a casa e se preparava para comer o que a sua mulher tinha preparado…
Chefe: A voz da esponja agora dizia-me ao ouvido: «Como consegues comer numa casa onde nem a cama fazes?»
Marta: E, já que era uma esponja, não lhe disse para lavar a louça?
Chefe: Sim, também. Estava sempre a repetir: «Vamos, vamos, toca a mexer! Limpa tudo!»
Rita: E não aprendeu a lição?
Marta: Ser menos preguiçoso e malvado, e mais bondoso, vai fazer de si um homem muito mais feliz, Chefe!
