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03 outubro 2019

Cinco anos de massacres sucessivos no Kivu Norte (RDC)

Tempo de leitura: 2 min
Exército e milícias congolesas são apontados como responsáveis pelos ataques
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Em outubro de 2014, teve início no Kivu Norte, na República Democrática do Congo, uma série de ataques bárbaros onde civis foram mortos em massa e de maneira extremamente cruel.

Desde então, foram cinco anos de massacres sucessivos. Em 2018, um organismo da sociedade civil local revelou um balanço de 3755 mortos e 3877 pessoas sequestradas.

De acordo com as autoridades congolesas, os ataques, nunca reivindicados, são obra das Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), milícia formada por rebeldes do Uganda que atuam na região desde 1995.

No entanto, depoimentos de sobreviventes e investigações apontam que os responsáveis pelos massacres são liderados por homens armados com o uniforme do exército nacional (FARDC).

Relatórios de investigações feitas pelas Nações Unidas (ONU) identificam membros das FARDC envolvidos nos assassinatos de civis. Um deles, o general Muhindo Akili Mundos, comandante das operações em Beni e braço direito do antigo presidente Joseph Kabila.

As iniciativas de solidariedade com as vítimas de massacres são severamente reprimidas em todo o país.

Em Beni, as manifestações após cada massacre são sistematicamente reprimidas com o uso de munição real contra os civis, o que resulta em mais mortos e feridos.

Em Goma, ativistas do Lucha, um movimento cidadão, são brutalmente detidos e encarcerados por se manifestarem contra os massacres em Beni.

Em Kinshasa, os manifestantes são espancados em público pela polícia e postos na prisão. Vários jornalistas e membros da sociedade civil foram presos, espancados, detidos ou forçados ao exílio por falarem sobre os assassinatos de civis em Beni.

Em 20 de março de 2016, o padre Vincent Machozi, sacerdote da diocese de Beni-Lubero e presidente da associação étnico-cultural “Nande Kyaghanda”, foi assassinado por soldados das forças armadas congolesas. Em 6 de setembro de 2018, os suspeitos de seu assassinato foram absolvidos pelo tribunal militar de Butembo-Beni.

Recentemente, todo e qualquer ataque é atribuído aos terroristas do ISIS, do Estado Islâmico. No entanto, há quem afirme que o que está a acontecer em Beni não tem nada a ver com o islão, nem com o islamismo, nem mesmo com qualquer rebelião ugandense. É um genocídio sob a máscara do terrorismo islâmico inventado a partir do zero.

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