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07 outubro 2019

A missão da Igreja na Amazónia é a parte central do sínodo

Tempo de leitura: 4 min
Uma Igreja em saída, missionária, com anúncio explícito de Jesus Cristo
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Num discurso no primeiro dia do Sínodo sobre a Amazónia, o relator geral, indicou que “a missão da Igreja hoje na Amazónia é o núcleo do sínodo”.

“É um sínodo da Igreja e para a Igreja. Não uma Igreja cerrada em si mesma, mas integrada na história e na realidade do território – no caso, a Amazónia – atenta aos gritos de socorro e às aspirações da população e da “casa comum” (a criação),  aberta ao diálogo, sobretudo ao diálogo inter-religioso e intercultural, acolhedora e desejosa de  compartilhar um caminho sinodal com as outras Igrejas, religiões, ciência, governos, instituições, povos, comunidades e pessoas, respeitando as nossas diferenças,  no intuito de defender e promover a vida das populações da área, especialmente dos povos originários e a biodiversidade do território na região amazónica”, anunciou Dom Cláudio Hummes.

O cardeal e relator do Sínodo falou ainda sobre “uma Igreja atualizada, «semper reformanda», segundo a Evangelii Gaudium, isto é, uma Igreja em saída, missionária, com anúncio explícito de Jesus Cristo, dialogante e acolhedora, que caminha junto e próxima das pessoas e comunidades, misericordiosa, pobre e para os pobres e com os pobres, e em consequência com uma opção preferencial pelos pobres, inculturada, intercultural e sempre mais sinodal”.

Dom Cláudio referiu que não se pode esquecer, entretanto, que hoje e há bastante tempo “a Igreja na Amazónia sofre de muita carência de recursos materiais necessários para a sua missão e com necessidade de aumentar o seu potencial de comunicação (rádio e TV).

No contexto de ecologia integral, trata-se de uma Igreja consciente de que sua missão religiosa, “em coerência com a sua fé em Jesus Cristo”, inclui necessariamente “o cuidado da casa comum”.

“Tal interligação demonstra também que o grito da terra e o grito dos pobres na região é o mesmo grito. A vida na Amazónia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje, «pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazónica, de modo especial, a violação dos direitos dos povos indígenas, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios» (IL,14)”, declarou o relator.

“A ecologia integral manifesta-nos que tudo está interligado, os seres humanos e a natureza. Todos os seres vivos do planeta são filhos da terra”, resumiu.

Em seguida, Dom Cláudio referiu que o sínodo se realiza num contexto de uma grave e urgente crise climática e ecológica: “O aquecimento global do planeta pelo efeito estufa gerou uma crise climática sem precedentes, grave e urgente... Ao mesmo tempo, ocorre no planeta uma devastação, depredação e degradação galopante dos recursos da terra, promovidas por um paradigma tecnocrático globalizado, predatório e devastador. A terra não aguenta mais”.

E convidou todos os participantes a deixarem-se guiar pelo Espírito Santo nestes dias do sínodo: “Este sínodo é como uma mesa que Deus preparou para os seus pobres e nos pede a nós que sejamos aqueles que servem à mesa”.

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