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11 outubro 2019

Participação das mulheres no Sínodo da Amazónia

Tempo de leitura: 3 min
Estamos a abrir caminho para as futuras gerações
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São 38 mulheres a participar no Sínodo sobre a Amazónia. Religiosas, leigas, negras, quilombolas e indígenas a representar os nove países que compõem a região Pan-Amazónica.

As mulheres trouxeram para o Sínodo “beleza, ternura, inteligência e racionalidade para lidar com temas que nos tocam desde o mais profundo de nossas realidades contextuais”, nas palavras da Márcia Oliveira, professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e assessora da Rede Eclesial Pan-Amazónica (REPAM) e da Cáritas Brasileira.

Num texto publicado pela página Amazonas Atual, Márcia refere que “é a primeira vez que um sínodo da igreja tem tantas mulheres a participar de forma ativa e efetiva”. No entanto, observa em seguida que essa participação ainda é “bastante limitada”, mas existe a consciência de que “estamos a abrir caminhos para as gerações futuras”.

A cientista social, que participa no Sínodo, afirma que esta presença indica que “mudanças importantes estão em curso” na “conquista do direito à fala” utilizada para denunciar “tudo o que nos aniquila, humilha e viola na Amazónia”.

“Denunciamos a crescente violência doméstica, o assédio sexual e moral a que estamos submetidas em toda a Pan-Amazónia. Questionamos as raízes do feminicídio, do tráfico humano e das migrações forçadas e as razões do silêncio e omissão por parte da sociedade no enfrentamento a estas mazelas que nos afetam mais diretamente”, aponta.

De acordo com Márcia Oliveira, a Assembleia Sinodal reconhece o papel das mulheres na experiência da ecologia integral e admite que são elas que cuidam da vida e a defendem em todos os sentidos.

“São mulheres de luta em defesa dos territórios, de vida e de pertencimento. Doam seu tempo, seus saberes e sua ciência para garantir mais vida e vida em abundância em toda a Amazónia”, explica.

E aponta que “por causa do seu comprometimento com os valores e princípios da ecologia integral”, sofrem o martírio e todo o tipo de perseguição e preconceito.

Márcia Oliveira recorda que durante o Sínodo será declarada santa a Irmã Dulce, “uma mulher simples, corajosa e estrategista que dedicou sua vida aos pobres e excluídos da sociedade”.

“Esse facto é importante para demonstrar que estamos em diversas frentes da sociedade. É também um gesto importante de reconhecimento do papel das mulheres no enfrentamento à pobreza num contexto de marginalização das mulheres, que exige de nós novas estratégias de organização, resistências e protagonismos. E assim, seguimos na Assembleia Sinodal”, conclui.

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