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12 novembro 2020

Deslocados de Tigray fogem para o Sudão

Tempo de leitura: 3 min
Mais de 11 mil etíopes que fogem dos combates na região de Tigray, no norte da Etiópia, refugiaram-se no Sudão nos últimos dias.
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As agências humanitárias dizem que centenas de milhares mais podem fugir da região se a luta não parar. O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários declarou que as organizações humanitárias não conseguiram fornecer alimentos, assistência médica e outros serviços de emergência em Tigray devido à falta de acesso à área. Mais de 2 milhões de pessoas no Tigray estão a viver «momentos muito, muito difíceis», incluindo centenas de milhar de deslocados, assinalou Sajjad Mohammad Sajid, responsável das Nações Unidas na Etiópia para a ajuda humanitária, em declarações à agência Associated Press.

Nas últimas horas, o primeiro-ministro Abiy Ahmed, prémio Nobel da Paz de 2019, escreveu no Twitter: «A região ocidental de Tigray foi libertada» garantindo que, em «áreas libertadas, o exército está agora a prestar assistência humanitária e serviços». O primeiro-ministro também declarou ter encontrado os corpos de alguns soldados amarrados e sumariamente executados.

Anteriormente, os habitantes de Tigray tinham recebido ordens para se mobilizarem por parte da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF), que governa este Estado e afirma que se tem de defender da «agressão flagrante» do governo federal.

Mas com comunicações interrompidas, linhas de comunicação e meios de comunicação bloqueados, a verificação independente da situação é atualmente impossível. Nos últimos dias, ambos os lados reivindicaram vitórias militares, incluindo o TPLF que abateu um avião de combate etíope. Uma parte do exército da região ter-se-ia colocado do lado do TPLF levando armamento pesado, incluindo sistemas de defesa aérea.

Os especialistas descrevem a situação como um conflito entre estados, em que cada lado está fortemente armado e bem treinado. A região de Tigray conta com 250 mil combatentes bem armados e quatro divisões mecanizadas das forças armadas etíopes estão sediadas no Tigray, um legado da longa guerra fronteiriça da Etiópia com a Eritreia.

O receio dos observadores é que o conflito se alastre não só a outras regiões da Etiópia, mas também os países vizinhos, a Eritreia, o Sudão e a Somália. Entretanto, a disputa entre Adis Abeba e Cairo sobre o controlo das águas do Nilo permanece em segundo plano, após a conclusão da Grande Barragem renascentista etíope (Gerd) no Nilo Azul.

(Com informação da Agência Fides; Foto: ONU)

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