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02 dezembro 2020

Pobreza e violência no Haiti

Tempo de leitura: 5 min
Os bispos do Haiti expressam dor e consternação com a situação no país, «que se está a afundar cada vez mais na violência, miséria e insalubridade».
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A Conferência Episcopal Haitiana, reunida em assembleia plenária, afirma na mensagem de Natal deste ano, intitulada “Não deixem que lhes roubem a esperança”, que o país «precisa mais do que nunca de salvação, redenção, paz, transformação profunda: transformação das mentalidades, das estruturas, do modo de governar e fazer política».

Os bispos haitianos expressam dor e consternação «com o agravamento da situação no país que se está a afundar cada vez mais na violência, miséria e insalubridade». Referem que existe um envenenamento da vida social «devido à proliferação de sequestros, banditismo, estupro, assassinato e barbárie que semeiam terror, morte e luto». E os prelados recordam que desde Julho de 2018 nunca deixaram de pedir aos protagonistas da vida pública que se unissem para reconstruir a nação.

Para enfrentar esta crise crónica que o país está a atravessar, os bispos fazem um apelo à consciência cidadã e convidam a uma transformação das mentes e dos corações. «A nação não mudará enquanto não mudarem as mentes e os corações. Precisamos de um acordo nacional para reconstruir a nação e promover iniciativas nacionais que desejam unir as forças do país a fim de chegar a um consenso para colocar as instituições de pé e restaurar a confiança das pessoas», salientam os bispos. «Muitos pediram mudanças na Constituição ou uma nova Constituição, e nós devemos buscar a maneira certa e consensual para alcançar isso», frisa o documento.

Junto com o povo haitiano, exasperado e exausto, os bispos gritam: «Não ao caos! Não à violência, não à insegurança, não à miséria, já chega! O povo haitiano está farto! Basta!» Os prelados convidam aqueles que cometem tais actos, e quem os apoia, a parar, em nome do Deus da vida. «As suas acções são condenadas por todo o povo haitiano. Elas não os levarão a lugar nenhum», ressalta a Conferência Episcopal.

No mesmo sentido, testemunha do Haiti o missionário redentorista, padre Renold Antoine: «A população está a perder a esperança, parece não haver saída, mas como Igreja continuamos a proclamar Cristo Redentor!». E acrescenta, numa mensagem que enviou à agência Fides: «Há vários meses que o país sofre de uma situação dramática em vários aspetos. O caos e a anarquia estão a espalhar-se pelas ruas. Muitas empresas em todo o país estão a funcionar no meio. A vida em alguns lugares torna-se impossível».

«Há corrupção generalizada, que é um cancro para o país. Vemos um aumento do roubo, do crime organizado e dos raptos de pessoas, todos os dias a proliferação de grupos armados em bairros populares é acentuada» continua o sacerdote.

«Vozes de todos os sectores têm sido levantadas nos últimos dias para denunciar a insegurança generalizada do país e pedir ao governo nacional que assuma as suas responsabilidades de proteger a vida e a propriedade da população. Infelizmente, vemos o medo agarrado por todos e em todos os sectores da população, pois são todos vítimas de bandidos armados.

Muitas pessoas perdem a esperança, porque parece não haver saída para resolver esta situação caótica. Como Igreja local, continuamos a proclamar Cristo, porque há redenção total nele. Ao mesmo tempo, convidamos os protagonistas a sentarem-se e a procurarem em conjunto soluções adequadas para tirar o país deste labirinto, uma vez que nenhum grupo em particular pode resolver magicamente esta crise aguda que atravessa o país.

Como já dissemos várias vezes, o Haiti será salvo quando houver um diálogo sincero, envolvendo todos os protagonistas e impedindo o interesse colectivo», conclui o padre Renold Antoine.

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