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09 agosto 2022

Nicarágua: bispo detido no Paço Episcopal

Tempo de leitura: 3 min
O bispo da diocese de Matagalpa (Norte da Nicarágua), está cercado por forças policiais que o impedem de deixar o Paço Episcopal.
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Dom Rolando José Álvarez fala com os pilícias que fazem guarda no Paço Episcopal (imagem capturada de um vídeo divulgado pela diocese de Matagalpa)

As forças da polícia da Nicarágua cercaram o edifício-sede da diocese de Matagalpa no passado dia 4 de Agosto, após Dom Rolando José Álvarez se ter pronunciado frontalmente contra o fecho pelo Governo de oito estações de rádio católicas da diocese de Matagalpa, que foi decreatado pela Governo no dia 1 de Agosto. A Justiça do país acusa o responsável católico de difundir um «sentimento de violência» contra o Governo de Daniel Ortega.

O Governo do presidente sandinista Daniel Ortega tem vindo a aumentar a repressão sobre diferentes instituições católicas procurando, assim, silenciar as instituições da sociedade civil e os seus opositores organizados.

Num vídeo realizado no Paço Episcopal, difundido nas redes sociais da diocese no dia 7 de Agosto, Dom Rolando José Álvarez, afirma: «Temos que responder ao ódio com amor, ao desespero com esperança e ao medo com a força e a coragem que nos foi dada pelo Cristo glorioso e ressuscitado».

A Conferência Episcopal da Nicarágua, expressou num comunicado, no passado dia 8 de Agosto, a sua «fraternidade, amizade e comunhão episcopal com Dom Rolando José Álvarez Lagos», sublinhando: «Esta situação vivida pelo irmão no episcopado toca-nos o coração como bispos e como Igreja da Nicarágua: se um membro sofre, todos os membros padecem com ele».

Os episcopados do México, Costa Rica e Bolívia também manifestaram a sua solidariedade, pedindo a todas as partes que promovam o diálogo e a paz.

O Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) reagiu, igualmente por meio de um comunicado, ao agravamento das relações Igreja-Estado no país. «Os últimos acontecimentos, como a intimidação a sacerdotes e bispos, a expulsão de membros de comunidades religiosas, a profanação de templos e o encerramento de estações de rádio magoam-nos profundamente. Manifestamos s a nossa solidariedade e proximidade», afirma a nota, divulgada online.

Depois que os bispos nicaraguenses actuaram como mediadores para o diálogo nacional, numa tentativa em que a sociedade procurava encontrar uma solução pacífica para a crise que o país vive desde abril de 2018, o presidente Ortega qualificou-os de «terroristas». A situação de crise social acentuou-se ainda mais após as polémicas eleições de novembro passado, nas quais Ortega foi reeleito para um quinto mandato, quarto consecutivo e o segundo que realiza juntamente com sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente. Os principais adversários de Ortega forma postos na prisão.

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