O líder indígena Emyra Wajãpi foi assassinado no passado dia 23 de julho no Amapá, Estado brasileiro que fica na região norte do país.
O cacique, que tinha 62 anos e pertencia ao povo Wajãpi, foi morto de forma violenta, sendo que o seu corpo apresentava perfurações e cortes profundos.
De acordo com as primeiras informações, o indígena teria sido assassinado por garimpeiros que invadiram as terras indígenas. No entanto, as investigações feitas pelas autoridades não apontam indícios da presença de estranhos (não-índios) na área onde o crime aconteceu. Mas as autoridades não descartam nenhuma das linhas de investigação e continuam a efetuar as averiguações necessárias para esclarecer o caso.
Os indígenas relataram que um grupo de homens armados invadiu e passou a noite numa aldeia próxima de onde o líder indígena foi assassinado. Os moradores da aldeia chegaram a ser ameaçados.
Segundo a antropóloga Dominique Tilkin Gallois, professora da Universidade de São Paulo (USP) e com trabalhos há mais de 30 anos sobre a região, o conflito com garimpeiros e as invasões ocorrem desde 1971.
A Rede Eclesial Pan-Amazónica (Repam-Brasil), divulgou uma nota tristeza e pesar pelo assassinato.
“Causa-nos tamanha indignação ver nossos irmãos sendo continuamente dizimados por causa de um projeto político e económico que não leva em consideração a dignidade humana e a vida das pessoas. Por isso, prestamos nossa solidariedade e comunhão aos Wajãpi”, lê-se na nota.
O ataque à aldeia no Amapá ocorreu no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a liberação da mineração em terras indígenas. Essa possibilidade é prevista na Constituição, mas nunca foi regulamentada. Bolsonaro disse que espera obter apoio internacional para legalizar a mineração na região.