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06 novembro 2020

Terror em Cabo Delgado

Tempo de leitura: 2 min
O L’Osservatore Romano, jornal do Vaticano, denunciou na sua edição do passado dia 5 de Novembro, o terror que se continua a viver em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.
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Tendas numa zona de acomodação de deslocados em Manono em Metuge, Pemba, Província de Cabo Delgado, em Julho de 2020. A povoação acolhia entre a 10 a 12 mil deslocados em centenas de tendas distribuídas por cinco campos de acolhimento de população em fuga dos ataques armados em Cabo Delgado (Foto: Lusa)

No passado 3 de Novembro, nas florestas do distrito de Muidumbe, foram encontrados vinte corpos decapitados, de cinco adultos e quinze crianças e adolescentes. Os sobreviventes disseram que as vítimas eram da aldeia 24 de Março. Os assaltantes também teriam raptado um número não especificado de crianças na aldeia de Nchinga, com o objectivo de recrutá-los à força para as suas fileiras.

O acto de violência foi alegadamente perpetrado por membros do grupo extremista filiado à “Província Centro-Africana do autodenominado Estado Islâmico” (Iscap), presente no Norte de Moçambique há pelo menos três anos, com o objectivo de estabelecer um califado. Efectivamente, o ataque foi reivindicado num comunicado divulgado pela Amaq News Agency, ligada ao grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico, no qual se lê que os jiadistas tomaram aldeias do distrito de Muidumbe, capturaram alguns soldados moçambicanos e recolheram algumas armas e munições.

Segundo o jornal L’Osservatore Romano, as incursões dos últimos dias nas aldeias de Magaia, Nchinga, Namacunde, 24 de Março, Muatide e Muambula, no distrito de Muidumbe seriam «uma resposta à operação das forças de defesa e segurança realizada no início da última passada contra a principal base terrorista», conhecida como Base Síria, localizada no distrito de Mocímboa da Praia.

O jornal do Vaticano lembra que este é o mais recente de uma série de ataques, retomados em 2020 e com uma escalada no último trimestre, em que os jiadistas atacam, destroem ou ateiam fogo a aldeias e campos das várias localidades da província de Cabo Delgado, semeando o terror entre os habitantes. Outro objectivo dos milicianos, afirma o diário, é tentar recrutar novos combatentes entre os jovens, aproveitando o seu descontentamento por causa do desemprego e a crise económica.

Estima-se que sejam entre 350 e 400 mil as pessoas deslocadas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa. «Números impressionantes que ajudam a compreender a tragédia vivida pela população de Cabo Delgado nos últimos meses», sublinha o jornal L’Osservatore Romano.

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