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05 janeiro 2021

Clima de incerteza na República Centro-Africana

Tempo de leitura: 4 min
Na República Centro-Africana, os resultados provisórios indicam que o Presidente Touadéra foi reeleito com 53,92% dos votos. Mas mantem-se o clima de insegurança.
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Bangui, República Centro-Africana. No passado dia 27 de Dezembro realizaram-se eleições presidenciais no país. O Presidente Faustin Archange Touadéra, foi reeleito na primeira volta, com 53,92% dos votos (Foto: Lusa)

A República Centro-Africana, um país com muitos recursos naturais (é rica em diamantes, madeira e ouro), viveu desde a independência da França em 1960, num ambiente de instabilidade: teve cinco golpes de Estado e várias revoltas. Devido à violência, mais de dois milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária e há 650 mil deslocados e quase 300 mil refugiados nos países vizinhos.

O actual Presidente, Faustin-Archange Touadéra, concorreu a um segundo mandato nas eleições que se realizaram no passado 27 de Dezembro no país de cinco milhões de habitantes. Foi reeleito, segundos os resultados provisórios anunciados no dia 4 de Janeiro pela comissão eleitoral do país. «O senhor Touadéra, tendo obtido uma maioria absoluta com (...) 53,92%, é declarado eleito», afirmou à comunicação social o presidente da Autoridade Nacional Eleitoral (ANE), responsável pela organização do escrutínio, Mathias Morouba. Os resultados da votação, que contou com uma taxa de participação de 76,31%, têm agora de ser oficialmente validados pelo Tribunal Constitucional da RCA.

O ex-presidente François Bozizé Bozizé (acusado de “assassinato” e “tortura” durante os 10 anos em que esteve à frente do país, entre 2003 e 2013), tentou candidatar-se, mas a candidatura foi recusada por não cumprir um requisito de boa moralidade. Os ataques de grupos rebeldes que se opõem a Touadéra aumentaram depois da rejeição da candidatura de Bozizé. As Nações Unidas dizem ainda que Bozizé está a colaborar com uma coligação de milícias para impedir a realização destas eleições.

No domingo, 3 de Janeiro, os Rebeldes da República Centro-Africana assumiram o controlo de Bangassou, uma cidade a 750 quilómetros da capital (Bangui), após um ataque lançado de madrugada.

D. Juan José Aguirre, missionário comboniano, bispo de Bangassou, denunciou que «há muitas crianças feridas por balas perdidas» e outra fogem da «violência para o Congo», após os ataques dos rebeldes para controlar a cidade.

«A cidade está quase deserta agora. A noite correu bem. Não houve tiroteios. Vivemos numa calma tensa», disse D.  Juan José à Agência Fides, sobre a situação, após o ataque.

O prelado indicou que muitos rebeldes são «mercenários e pessoas do Níger» e o ataque para controlar a cidade de Bangassou fez vários mortos e feridos.Juan José Aguirre acrescenta que, como consequência desses combates, «parte da população de Bangassou fugiu para o Congo», civis que passaram o rio Mbomou para procurar refúgio na cidade de Ndu, do outro lado da fronteira.

«Há apenas os bandidos, os ladrões da cidade de Bangassou que saquearam algumas lojas. Está muito calmo. Talvez os rebeldes queiram perceber quem será o próximo governo e não queiram machucar as pessoas por enquanto», acrescentou o bispo comboniano.

No dia 26 de Dezembro os rebeldes atacaram sem sucesso Damara, associada ao presidente cessante e favorito nas eleições, Faustin Archange Touadéra, a 70 quilómetros de Bangui; no dia 19 de dezembro de 2020, uma coligação de grupos armados atacou a capital centro-africana para perturbar as eleições presidenciais e legislativas.

Portugal tem actualmente 243 militares na RCA, 188 integram a Minusca e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, até Setembro de 2021.

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