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01 abril 2021

As cruzes das crianças

Tempo de leitura: 3 min
As meditações da Via-Sacra presidida pelo Papa Francisco nesta Sexta-feira Santa foram escrita por crianças e evocam problemas na escola e mortes provocadas pela pandemia.
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Os autores dos textos e desenhos das 14 estações da via-sacra são crianças (Foto: Vatican Media)

A Via-Sacra de Sexta-feira Santa, no Vaticano, vai contar este ano com meditações de crianças italianas, que evocam problemas na escola e mortes provocadas pela pandemia de covid-19. As reflexões e os desenhos que as acompanham lembram temas como o amor das mães, as experiências de falhanço, a solidão, a atenção aos estrangeiros, a solidariedade, o serviço aos pobres, a mentira, o perdão, o amor e a morte.

«Querido Jesus! Sabeis que nós, crianças, também temos cruzes, que não são mais leves nem mais pesadas do que as dos grandes, mas são verdadeiras cruzes, que sentimos pesadas mesmo de noite. E só Vós o sabeis, tomando-as a sério. Só Vós», refere o texto de introdução do livreto da celebração, que este ano decorre na Praça de São Pedro e não no Coliseu de Roma devido às medidas sanitárias em vigor na Itália.

A preparação dos textos e desenhos para esta Via-Sacra envolveu mais de 600 crianças e adolescentes italianas. Simbolicamente, 20 crianças e jovens de Roma e Foligno vão estar ao lado do Papa Francisco na Via-Sacra de Sexta-feira Santa, acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo, através dos media.

As reflexões dos mais novos falam das escolas fechadas, da «tristeza da solidão», e do impacto da covid-19 nas suas vidas.

«Da ambulância desceram homens, que pareciam astronautas munidos de toucas, luvas, máscaras e viseiras, e levaram o avô que, já há alguns dias, sentia dificuldade em respirar. Foi a última vez que vi o avô; morreu poucos dias depois no hospital, sofrendo – imagino – também pela solidão», escreve uma das crianças.

As meditações foram publicadas pela Livraria Editora do Vaticano, com uma introdução que recorda as «cruzes das crianças».

Essas cruzes são o medo do escuro, da solidão e do abandono, também por causa da pandemia, da experiência dos próprios limites, da provocação dos outros, da sensação de ser mais pobre que os colegas, da tristeza pelas discussões na família, entre os pais.

A celebração vai ser transmitida pelos canais do Vaticano pelas 21h00 (menos uma em Lisboa), a partir do adro da Basílica de São Pedro.

(Com informação de Vatican News)

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