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18 maio 2023

Sudão do Sul: acolher refugiados sudaneses

Tempo de leitura: 4 min
A Igreja Católica está a preparar o acolhimento dos deslocados que fogem da guerra no Sudão, conta a irmã comboniana Beta Almendra que trabalha na Diocese de Wau.
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Desde o dia 15 de Abril que no Sudão existe um conflito armado que opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, ao grupo paramilitar Força de Apoio Rápido (RSF), chefiado pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemeti. Um mês depois do início do conflito, de acordo com o último balanço, os combates causaram a morte de pelo menos 822 pessoas e cerca de 3200 feridos.

Além disso, segundo os dados da ONU, o número de sudaneses que necessita de assistência humanitária alcança já os 24,7 milhões. Ou seja, mais de metade da população do país, que totaliza 46 milhões de habitantes. Ao mesmo tempo, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações, o número de deslocados no país ultrapassou um milhão.

É por isso que a Diocese de Wau, no Sudão do Sul, país que se se separou do Sudão em 2011, está a mobilizar-se para acolher a milhares de pessoas deslocadas. A irmã comboniana portuguesa Beta Almendra, a trabalhar em Wau, conta que «quem tinha algum dinheiro, alguma economia, conseguiu sair de carro ou de avião. Todos os outros saem a pé, e isso demora meses e meses até conseguirem chegar, por exemplo, a Wau, onde os esperamos. Nós esperamos por eles e queremos acolhê-los».

«Ainda não temos campos de refugiados porque [as pessoas] estão a vir a pé, mas devagar, devagarinho chegarão. Acredito que chegarão aqui a Wau. Nas fronteiras há imensa gente, mas, claro, caminham a pé e pelo caminho há muitos perigos», sublinha a missionária numa mensagem de vídeo enviada para a Fundação AIS.

Segundo relatos que chegaram à missão comboniana em Wau, muitos dos refugiados que fogem da guerra e se fizeram a caminho, «estão a ser assaltados». «As pessoas já não vêm com nada, mas mesmo com esse nada ainda estão a ser roubadas… Está a ser uma viagem muito difícil, um sair de um país em guerra com muitos, muitos problemas», conta a irmã Beta.

Até ao momento, a maioria dos refugiados tem procurado abrigo no Egipto, Chade, Etiópia e no Sudão do Sul. É neste contexto que a Igreja do Sudão do Sul  está a preparar o acolhimento de todos os que fogem da guerra e pedem socorro. Calcula-se que terão passado a fronteira entre os dois países, até ao momento, já mais de 50 mil pessoas.Matthew Adam Gbitiku, bispo de Wau, escreveu uma carta a todos os agentes pastorais para se mobilizarem para esta iniciativa.

«O bispo – tenho aqui na mão a carta que ele escreveu, pontualiza a irmã Beta Almendra – pediu para que nós, na diocese de Wau, possamos ajudar os nossos irmãos de Cartum. Pediu a todos, padres, religiosas, e aos leigos. E realmente a mensagem é solidariedade com Cartum, com as pessoas de Cartum [a capital do Sudão]. Para fazer isto, vamos organizar três ofertórios consecutivos nas missas. Todos os fiéis leigos são convidados a contribuir para que depois possamos mandar esse dinheiro até à primeira semana de Junho para Cartum, para ajudar realmente as pessoas, os que ficam, os que estão e os que têm de vir embora.»

Veja o vídeo com a irmã Beta:

 

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