Maria era uma jovem que vivia de uma forma simples na aldeia de Nazaré. Era uma mulher de grande fé e docilidade à vontade de Deus. Ficou noiva de José, um homem justo. Nesse período, Deus manifestou a Maria a Sua vontade mediante o anjo Gabriel: ela era a escolhida para ser a mãe do Messias, o Salvador de Israel e da Humanidade. Maria tinha mil motivos para recusar a proposta de Deus: os comentários dos familiares e vizinhos, a falta de recursos, uma gravidez fora do casamento, que era castigada severamente, podendo ela ser abandonada e apedrejada.
A jovem Maria fica perturbada, no entanto, desde a madurez da fé, dialoga com o mensageiro de Deus, levanta algumas questões e, depois das respostas do anjo, decide confiar plenamente em Deus e na sua acção e responde afirmativamente ao plano divino: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra» (Lc 1,38).
A vinda de Jesus, portanto, deve-se ao «sim» de Maria. Nela cumpre-se a promessa feita a Abraão e aos seus descendentes. Isto é, o povo eleito receberia o Messias havia muitos anos prometido. Maria, uma filha de Abraão, daria à luz o Filho de Deus.
O «sim» de Maria não foi um simples compromisso momentâneo, mas foi um sim contínuo, um compromisso para a vida. De facto, o «sim» de Maria teve consequências na sua vida: na relação com José; no nascimento de Jesus e na fuga para o Egipto; nos momentos da paixão e morte de Jesus! Maria é, por isso, modelo de resposta à vocação, que envolve fé, disponibilidade, coragem, confiança e superação.
Olhando para o testemunho de Maria, poderemos questionar-nos se continuamente estamos disponíveis para Deus, para o amar e servir, para fazer a Sua vontade. A exemplo de Maria, saibamos também nós ser fiéis a Deus e permitir que Ele habite em nossos corações.
Ao aceitar ser Mãe do Salvador, Maria assumiu a maternidade ao longo de toda a vida de Jesus, desde o Seu nascimento até à morte na cruz. Com efeito, nem sempre compreendia as palavras e acções de Jesus, mas acolhia-as e meditava em seu coração (Lc 2, 19). Maria sabia que Jesus era o Emanuel, o Salvador da Humanidade, por isso, cheia de confiança, disse aos empregados nas bodas de Caná, e nos diz a nós: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2,5). Não obstante, ela não aceitou apenas as alegrias, mas mesmo quando o seu Filho Jesus foi crucificado, maltratado e condenado como se de um malfeitor se tratasse, Maria permaneceu fielmente junto do seu amado filho. E por isso Jesus lhe disse com carinho: «Mulher, eis o Teu filho.» E ao ser acolhida e acolher aquele filho (São João), toda a Humanidade foi acolhida no coração maternal de Maria. Hoje ela continua presente e manifesta o seu amor de Mãe também com sinais prodigiosos, especialmente para com os mais pobres e marginalizados. É esse amor maternal que experimentamos em Fátima, Lurdes, Guadalupe, Aparecida. Maria acolhe e escuta os seus filhos e filhas e entrega a Jesus as nossas alegrias, angústias, preocupações, medos, agradecimentos. Sabemos que Maria nunca nos abandona. Como referiu o Papa Francisco, em Fátima, em 2017: «Temos Mãe!»
A vocação e o testemunho de Maria ajudam-nos a compreender a nossa própria vocação: amando a Deus, como Maria amou, devemos estar disponíveis para que se faça em nós a vontade de Deus, meditando e escutando sempre em nossos corações a voz do Senhor, que nos fala, nos ama e quer que sejamos felizes, pois quem discerne bem a vontade de Deus e aceita com alegria e serenidade o chamamento de Deus, tem um futuro feliz.
São Daniel Comboni, profeta da África, amava ternamente a Virgem Maria e consagrou o seu vicariato apostólico ao Sagrado Coração de Maria. Ele sabia que Maria é a nossa mãe e que, quando nos encontramos diante de dificuldades que parecem insuperáveis, podemos olhar para a jovem Maria e, como ela, confiar em Deus e saber que para Ele nada é impossível. Por isso, fruto da sua experiência amorosa com Nossa Senhora, Comboni dizia: «Não podemos temer nunca quando temos uma mãe poderosa e amorosa que vela por nós.» Maria é a Mãe que nunca nos abandona, que sempre nos escuta, que sofre connosco e nos ama como filhos.
A irmã Isabelle Kahambu Valinande, originária da República Democrática do Congo, conta-nos o despertar da sua vocação missionária e a alegria da sua consagração como comboniana.
«Nasci em Kinshasa e cresci em diferentes Estados da RD Congo, devido ao trabalho do meu pai. Esta experiência ajudou-me muito a abrir-me à interculturalidade, desde o meu país, um aspecto importante para nós, Combonianas. Venho de uma família cristã, de pais com formação e preparação profissional; o meu pai é engenheiro florestal e a minha mãe é enfermeira. Isso permitiu-nos também uma boa formação e educação moral, espiritual... que nos ajudou a superar as barreiras culturais da minha tribo, onde a mulher era para “casar e constituir família”.
Na minha paróquia, encontrei outro jovem que me convidou para participar no encontro de aspirantes combonianos em Butembo, na comunidade das Irmãs Combonianas. Partimos de bicicleta num sábado, depois da escola. Este encontro foi o «boom» da minha vida. Um padre congolês falou-nos da vida de São Daniel Comboni, de uma forma tão profunda como se a tivesse vivido ou como se o tivesse conhecido, que fiquei entusiasmada. Fiquei com três palavras que até hoje motivam a minha vida religiosa consagrada, missionária comboniana: Paixão, Comboni e África. No caminho de volta para casa, dizia a mim mesma: “Se Comboni aceitou deixar o que tinha de mais valioso por um povo, por África, porque não o faço também eu?” Foi nesse momento que aconteceu a minha conversão, a mudança na minha vida.
Sem me deixar levar pela emoção do momento e para discernir bem a vontade de Deus, esperei três anos em Butembo, enquanto trabalhava e estudava, e só depois decidi começar o meu caminho formativo com as Missionárias Combonianas. Após a profissão religiosa, fui designada para o México, onde vivi nove anos de missão, em três lugares diferentes: em Guadalajara, Jalisco, durante um ano, trabalhei com idosos e doentes, e na área litúrgica da paróquia. Em Costa Chica, em Oaxaca, na pastoral juvenil afro-mexicana, por mais dois anos. Uma bela experiência que deu sabor à minha vida missionária.»