
Ao longo da sua vida, a Mãe do Senhor viveu para servir com alegria. Logo que recebeu a notícia, de que iria ser Mãe de Deus, recebeu outra grande novidade: «Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível para Deus».
(Lc 1, 36-37). Maria não se encheu de orgulho ou soberba, mas com amor e espírito humilde, sem pensar nos perigos da estrada, dos assaltos, da morte, partiu apressadamente ao encontro de Isabel, que vivia a centenas de quilómetros e, certamente, necessitaria do seu apoio e carinho durante a gravidez.
Maria teve a audácia de sair de si, das suas comodidades, da sua segurança, das suas necessidades, para ir ao encontro do outro, para servir com generosidade e alegria, pois o amor não se manifesta somente em palavras, mas em acções concretas.
Ao chegar, Maria é acolhida pela sua prima e proclama o cântico do Magnificat, expressando a alegria do autêntico encontro com Deus e reconhecendo a acção e a obra de Deus, que se realiza por meio de pessoas pobres e insignificantes.
Maria foi a primeira e a maior discípula de Jesus. A sua vida, ainda que marcada pela tribulação e o sofrimento, é um acto contínuo de esperança fundamentado na fé. Na anunciação com o seu «sim» confiante, que abriu caminho para a salvação. Na visitação, servindo a sua prima com humildade e generosidade. Em Belém, revelando o Messias aos pastores, marginalizados pela sociedade. Na fuga para o Egipto, escapando apressadamente, como emigrante clandestino, com o Menino nos braços, passando por dificuldades num país estrangeiro. No lar de Nazaré, onde Jesus cresceu «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2,52). Nas bodas de Caná, onde com a sua sensibilidade de mãe notou que faltava o vinho; e, confiando em Jesus, disse aos serventes com simplicidade firme: «Fazei tudo o que ele vos disser» (cf. Jo 2,1-11). Junto do Calvário, no momento da morte do Seu Filho amado, Maria permaneceu de pé, junto da cruz, com o coração despedaçado, mas com o olhar fixo no Seu Filho, sabendo que o amor é mais forte de que a morte e convicta de que Deus cumprirá as suas promessas. No Cenáculo, permaneceu em oração esperando a Ressurreição e a vinda do Espírito Santo prometido.
Maria é a grande missionária do Reino porque toda a sua vida foi perseverante e fiel, confiou em Deus e no Seu projecto salvífico, foi obediente e serviu com humildade e alegria o Senhor e os irmãos. Mesmo quando não compreendia os desígnios de Deus, confiava e vivia serena, no silêncio e na oração.
Hoje, Maria continua a servir o Senhor junto de todos aqueles que necessitam do seu amor maternal. «Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a ela porque não quer que caminhemos sem uma mãe» (Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 285). Maria é a mãe que caminha connosco, não apenas quando tudo vai bem, mas principalmente quando perdemos a esperança, quando tudo se parece desmoronar. No meu tempo de missão na Etiópia, quantas vezes me entreguei a Maria e ao seu amor maternal. Ela é refúgio e bálsamo para quantos lhe entregam as suas preocupações, alegrias, medos, desgostos.
Maria «é a missionária que se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afecto materno. Como uma verdadeira mãe, caminha connosco, luta connosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus» (Evangelii Gaudium, 286). Maria é modelo de vocação missionária e indica aos discípulos o caminho para seguir Jesus: «Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me» (Lc 9,22-25).
O padre Randito Tina Recalde partilha a sua vocação missionária e experiência pastoral.
«Nasci na cidade de Calamba, Laguna, nas Filipinas. Sou o mais novo de nove irmãos (cinco meninas e quatro meninos). Tive a sorte de nascer numa família bastante religiosa, que ajudou a cultivar a minha vocação missionária.
A minha mãe era membro do Apostolado da Oração e da Legião de Maria. Quando era jovem, participava activamente na paróquia como catequista e animador dos acólitos. A alegria e a satisfação que encontrava em servir como catequista e animador e em participar em várias actividades religiosas ajudaram no nascimento da minha vocação missionária, embora naquela época ela ainda não estivesse claramente articulada.
Aos poucos, a vocação em mim foi tomando forma. Sentia-me mais feliz quando estava na paróquia do que na universidade. Num dos encontros de oração que tivemos, tive a inspiração de dedicar a minha vida ao serviço da Igreja. Candidatei-me ao seminário mais próximo, mas não fui aceite. Só mais tarde percebi que Deus tinha outro plano para mim.
No último ano da faculdade, o desejo de dedicar a minha vida ao serviço do Senhor reacendeu-se. Na biblioteca do Instituto Universitário, descobri uma revista dos Missionários Combonianos chamada World Mission. Fiquei impressionado com as experiências dos Missionários Combonianos que trabalhavam em diferentes partes do mundo, mas especialmente no continente africano. Ao mesmo tempo, um missionário comboniano espanhol chegou à nossa paróquia para aprender a língua tagalo. Tornámo-nos amigos e comecei a perguntar-lhe sobre a congregação.
Assim, após um ano de discernimento vocacional, entrei no seminário dos Missionários Combonianos. Levei alguns anos a preparar-me como missionário. Além do estudo formal de Filosofia e Teologia, recebemos formação humana e espiritual.
Terminado o tempo de formação, fui ordenado sacerdote em 2008 nas Filipinas e fiquei a trabalhar como promotor vocacional no meu país. Depois de três anos, recebi a minha primeira destinação à missão: o Peru.
Cheguei a este país latino-americano em 2011 e permaneci lá até 2021. Estudei espanhol durante um ano em Lima, a capital do Peru, e depois fui enviado para São Martin de Porres, Pangoa, na Selva Central. A paróquia que servimos os combonianos é muito grande, com mais de 300 aldeias, das quais cerca de 175 são indígenas Ashaninkas e Nomatsigengas.
Em 2021, fui transferido para as Filipinas para abrir o primeiro compromisso pastoral dos Missionários Combonianos no país, a paróquia de São Daniel Comboni em Duale, Limay, Bataan.»
