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13 novembro 2019

Exposição fotográfica «Mulheres do Idai»

Tempo de leitura: 3 min
O ciclone Idai causou em Moçambique mais de 600 mortos, cerca de 1600 feridos e afectou mais de 1,5 milhões de pessoas.
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Neste contexto, a guionista Inês Leitão perguntou-se: Quem são as mulheres que sobreviveram ao Idai? Qual a forma como vivem, como comem, como riem? Questões respondidas pela autora através de 25 fotografias, reunidas na exposição «Mulheres do Idai». Um olhar sobre a esperança que as mulheres representam para o país lusofóno.

A Inês Leitão conta-nos os motivos e objectivos desta exposição: «Voltei a Moçambique catorze anos depois da minha missão com as irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. A missão de voluntariado que há catorze anos mudou a minha vida, sobretudo por ver aquelas mulheres maravilhosas e dedicadas, pelo tanto que me ensinaram – a mim, uma arrogantezinha de 24 anos a achar que o mundo era mais pequeno do que eu.

Descobri em Moçambique que era mais pequena do que uma formiga e que a minha grandeza ou a minha fortaleza não me pertenceriam nunca.

Lembro-me de ter chegado a Maputo no dia 10 de Outubro e de ter querido ir logo vê-las, entrar naquela que um dia foi a minha casa também, rever doentes, matar as saudades que dão cabo do meu coração todos os dias.

Soube de crianças que morreram nestes catorze anos que passaram, doentes falecidos, bebés nascidos de mães que ajudei a criar à laia de irmã.

Encontrei o portão da minha casa com a ajuda de um motorista. Tinha memorizada a entrada, mas tudo mudara.

Mais tarde, na Beira, no âmbito de umas filmagens para a Cáritas, comecei a fotografar o que via. Mulheres e meninas, de preferência, as sobreviventes do Idai.

O resultado está agora à vista: 25 fotos que não sei como saíram da velha câmara da minha irmã que levava comigo e que possibilitam agora aquilo que será oficialmente a minha primeira exposição fotográfica.

Começa assim a história de uma recolha de fundos para bolsas de estudo para meninas e aquisição de animais domésticos para um retalho de reassentamento da população da Beira, atingida no passado 14 de Março pelo ciclone Idai.

A captação fotográfica foi feita sete meses depois do ciclone.

Procurei retratar mulheres sobretudo pela sua resiliência (a força de África é feminina) – com a excepção do órfão que encontrei a dormir na praia agarrado a um pau, com medo da subida da água durante a noite (e a quem tanto falta a mãe).

Os lucros da exibição serão entregues à associação Fábrica de Activistas para os projectos acima enunciados.

Começamos em Grândola e em Lisboa, dia 14 de Novembro e dia 14 de Dezembro, respectivamente. Mas em breve estaremos a expor em todo o país.» 

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