Para os povos nativos, a terra está no centro das suas vidas, é a sua respiração, o seu estado de alma, é dela que tudo parte e torna; daí a permanente conflitualidade entre as comunidades despojadas e os que chegaram depois e preferem a apropriação à partilha.
Encoberta por outros dramas, como a covid-19, a terra continua a ser para os povos nativos da América Latina e das Caraíbas o maior deles. O mais antigo. E o mais letal. Segundo um estudo da Comissão Económica para a América Latina (CEPAL) e o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e das Caraíbas, subsistem cobertos pela selva ou às claras 1223 conflitos territoriais na região opondo comunidades indígenas e explorações mineiras e de hidrocarbonetos, e outras, que resultam quase sempre em repressão, criminalização e vítimas. Só entre 2015 e o primeiro semestre de 2019 foram assassinados 232 activistas indígenas defensores dos seus direitos – quatro por mês.