Mahamadou Abdou está contente com a visita. Há meses que nenhum técnico visitava o seu terreno para o ouvir e dar-lhe conselhos, uma tarefa que, anteriormente, os serviços técnicos do Estado realizavam com regularidade. Este horticultor do mercado de Gamkallé, uma zona periurbana de cultivo de legumes e arroz na cidade de Niamey, capital do Níger, cultiva meio hectare de terra com poucos conhecimentos e sem tecnologia ou apoio externo. Como muitos outros agricultores no Sahel, Abdou observa que o solo que o alimenta se torna mais árido e menos cultivável ano após ano.
Nesta faixa geoclimática que atravessa o continente africano de leste a oeste – do Jibuti ao Senegal – e serve de transição entre o deserto do Sara e a savana sudanesa, o fenómeno da desertificação – degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e sub-húmidas, resultante de factores diversos, tais como as variações climáticas e as actividades humanas – ameaça fundir o Sara e o Sahel num só e, assim, tornar a vida ainda mais difícil para as populações que habitam esta região do mundo.