O Papa Francisco ratificou, no passado dia 11 de Março, enquanto o mundo estava pendente do seu estado de saúde, o processo de acompanhamento e avaliação da fase de aplicação prática do Sínodo sobre a Sinodalidade proposto pela Secretaria-Geral do Sínodo. O papa dá, assim, novo impulso a uma das suas maiores reformas e reafirma a sinodalidade como o «caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio».
A sinodalidade é um estilo para uma permanente conversão pastoral, é uma dimensão que perpassa todo o tecido eclesial, envolve a todas as comunidades cristãs num processo de encontro, escuta, diálogo e discernimento. Nesse sentido, o texto da Secretaria-Geral do Sínodo assinala que é necessário promover a dinâmica de construção de uma Igreja sinodal, dinamizando com novo ardor as comunidades que se lançaram no caminho da sinodalidade e desafiando aquelas que até agora investiram menos a que possam «recuperar os passos ainda não dados» e envolverem-se proactivamente nesta dinâmica sinodal.
Para continuar a caminhar juntos, o documento apresenta um itinerário concreto, com etapas precisas – que começam neste mês de Maio com a publicação do documento de apoio da fase de aplicação –, que envolverá todas as dioceses, eparquias, conferências episcopais e estruturas hierárquicas das Igrejas Orientais Católicas, bem como institutos de vida consagrada, sociedades de vida apostólica, associações de leigos, movimentos eclesiais e novas comunidades. Este processo sinodal estender-se-á até Outubro de 2028, quando se realizará no Vaticano, pela primeira vez na História, uma Assembleia Eclesial, que congregará representantes de todo o mundo e de todos os sectores eclesiais da Igreja – clero, consagrados e leigos – com o objectivo de avaliar o estado da concretização da sinodalidade na Igreja universal.
Desde uma eclesiologia de comunhão, que se origina no mistério da Trindade, a o documento menciona que «é de fundamental importância garantir que a fase de aplicação prática seja ocasião para envolver novamente as pessoas que contribuíram e para devolver os frutos da escuta de todas as Igrejas e do discernimento dos pastores na Assembleia sinodal». E explicita o texto que a fase de concretização «não se limita à aplicação de directrizes, mas sim a um caminho de recepção de orientações, adaptadas aos contextos e culturas locais, harmonizando a sua implementação em toda a Igreja».
Sinodalidade e missão estão profundamente ligadas. A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária (cf. Ad Gentes, 2). Nesse sentido, D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, dizia na apresentação do programa pastoral de 2024-2026 para a Igreja de Lisboa que «o âmago da Igreja sinodal é constituído pela urgência da conversão missionária. Sem missão, não há sinodalidade». Ao mesmo tempo, a sinodalidade deve ser o modus operandi da comunhão na missão, envolvendo todas as forças carismático-ministeriais no anúncio do Evangelho até aos confins da Terra.