A mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano – que se celebra a 19 de Outubro –, foi o último documento missionário de Francisco, tendo-se tornado o «testamento espiritual missionário» do papa argentino. Foi escrita no contexto do jubileu, que tem como lema «Peregrinos da Esperança», e está em linha com o itinerário de renovação missionária proposto à Igreja.
No texto – ver páginas 18-21–, Francisco começa por mencionar que Cristo é o modelo e o fundamento da esperança cristã.
O ponto fulcral de toda a vida e missão cristã deve continuar a ser sempre Cristo, em quem somos chamados a fixar o nosso olhar. Posteriormente, Francisco realça que a identidade dos cristãos é ser «missionários da esperança entre os povos», citando o início da constituição Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II. Nessa perspectiva, com espírito de partilha das alegrias e esperanças da Humanidade, milhares de homens e mulheres – sacerdotes, religiosos e leigos –testemunham a Boa Nova de Jesus nos cinco continentes.
O papa insiste no «estilo de Deus: com proximidade, compaixão e ternura, cuidando da relação pessoal com os irmãos e irmãs na sua situação concreta». Estas são expressões-chave, porque nós, cristãos, discípulos missionários da esperança, somos transmissores das graças concretas de Deus. Para viver a nossa vocação de portadores e construtores de esperança, somos chamados a ser cada vez mais «sinal do Coração de Cristo e do amor do Pai, abraçando o mundo inteiro».
Francisco frisa que a acção missionária de transmitir e formar a maturidade da fé em Cristo é «o paradigma de toda a obra da Igreja» (Evangelii Gaudium, 15) e dedica a última parte da mensagem a indicar três caminhos para renovar a espiritualidade missionária da esperança. Em primeiro lugar, «é necessário renovar em nós a espiritualidade pascal»; viver cada vez mais intensamente «cada celebração eucarística, conscientes de que fomos «baptizados na morte e ressurreição redentora de Cristo, na Páscoa do Senhor, que marca a eterna Primavera da História». A segunda forma de renovação é rezar, uma maneira simples, mas sempre eficaz, de viver e transmitir a esperança na missão. A terceira via de renovação consiste na realização da missão de evangelização, um «processo» de carácter «comunitário». Para isso, é necessário continuar a formação permanente da fé cristã e trabalhar cada vez mais de forma sinodal, uma vez que a missão evangelizadora é «uma obra que requer comunhão de oração e de acção».
Todos os baptizados somos chamados a reavivar o nosso fervor no anúncio de Cristo. Mas esta renovação missionária começa por nós mesmos: «Diante da urgência da missão da esperança, os discípulos de Cristo são chamados, em primeiro lugar, a formar-se, para serem artesãos da esperança e restauradores de uma Humanidade frequentemente distraída e infeliz». Devemos fixar constantemente o nosso olhar em Cristo para sermos formados na sua escola e depois enviados ao mundo para animar a esperança com diversas acções concretas, sob a orientação e inspiração do Espírito Santo.