(As Crónicas Verdes de um Adolescente)
A primavera já chegou. Desfez as malas, estabelecendo-se por cá. Enfeitou as árvores e as plantas, que outra hora estavam nuas, com flores de cores vivas e alegres. Correu as nuvens e deixou o Sol quente bem presente no céu. E convidou as borboletas, as andorinhas e as joaninhas para a sua casa.
Espalhou a fragrância de todo o tipo de flores e preparou uma harmonia cantada cheia de carinho pelos passarinhos empoleirados nos ramos aflorados das árvores. As abelhas andam de flor em flor à procura do seu precioso ouro, o néctar.
É bastante reconfortante saber que aquele frio e doloroso inverno já passou e agora as coisas se veem mais coloridas. É mais fácil de ver cores no mundo agora.
Já me posso sentar na espreguiçadeira a ler um livro ou uma revista à minha escolha, enquanto tomo banhos de sol na temperatura ideal, e depois tiro uma soneca para reabastecer a energia.
Também aproveito cada oportunidade para sair de casa, mesmo tendo a sorte de viver numa quinta. Os meus pés já estão cansados de andar sempre pelos mesmos sítios, uma enorme sede de diversidade.
O colorido do exterior limpa a minha mente depois do inverno doloroso que passei, mas não limpa todas as dúvidas e ansiedades. As dúvidas e ansiedades são como trepadeiras e plantas invasoras no jardim que é a minha mente, alimentando-se de tudo o que há de bom e fazendo com que o solo fique mais pobre. Além disso, não deixam a luz do Sol passar para as outras plantas e essas também começam a murchar.
Mas, tal como o solo não se trata sem o acompanhamento de profissionais, como agricultores, biólogos e engenheiros agrícolas, assim também a mente. Estou a receber o tratamento da família, alguns medicamentos, e apoio psicológico.
É primavera. Estou melhor… mas não curado.
