Personagens: Narrador, Lucas, Juliana, Gabriel, Camila e velhinho.
Narrador: Tudo começou numa noite de lua cheia. Quatro miúdos conversavam sentados na varanda da casa de um deles.
Lucas: Acreditas em fantasmas?
Juliana: Eu não!
Gabriel: Acreditas, sim!
Camila: Podem apostar, que eu digo que não. Conheço a minha irmã.
Gabriel: Tudo bem. Aposto a minha bola de futebol que vocês não têm coragem de entrar no cemitério à noite.
Juliana: Ah, é?!... Vais perder, pois vamos já para o cemitério.
Camila: Vamos provar a nossa coragem.
Lucas: Não sei se é boa ideia…
Narrador: E os quatro miúdos vão até a rua do cemitério.
Lucas: O portão está fechado…
Juliana: Há um silêncio profundo…
Gabriel: O luar faz este lugar parecer misterioso…
Camila: Ah, ah, ah! Estás com medo?!...
Gabriel: Não! Para ganhar a aposta, é preciso bater com a mão no portão do cemitério.
Juliana: Primeira! (Corre. Para em frente do portão e faz caretas para os amigos.)
Lucas: Agora vou eu.
Gabriel: E aqui vou eu, também.
Camila: Afastem-se, senão, em vez de bater no portão, bato em vocês, ah, ah, ah!
Gabriel: Socorro! Estou preso. Ajudem-me!
Narrador: Enquanto os miúdos ultrapassavam o espanto e a vontade de rir, eis que aparece um velhinho vindo do fundo do cemitério e abre o portão.
Velhinho: O vosso amigo ficou com a manga da camisa presa no portão e quase desmaiou de medo.
Lucas: Ele pensou que algum fantasma o estava a segurar.
Gabriel: Hã?! Obrigado. Hã?! Como é que o senhor se chama? (E desmaia)
Velhinho: Eu sou o médico daqui…
Juliana: Sim?! Mas você não me parece estar bem…
Camila: De facto, está muito magro, e é quase transparente….
Narrador: E o velhinho, passando a mão na cabeça do miúdo desmaiado, que desperta nesse mesmo instante, despede-se:
Velhinho: Vão para casa, meus filhos. São horas de dormir.
Narrador: No dia seguinte…
Lucas: Vamos procurar o velhinho.
Juliana: Para lhe agradecer a ajuda.
Camila: Não está nem no cemitério, nem em lugar nenhum.
Gabriel: Digo-vos: perdi o medo de fantasmas. Percebi que nem todos os seres misteriosos fazem mal. Pelo contrário, podem até ajudar. Como este médico fantasma.