Personagens: Narrador, Ostra, Peixes, Rato e Gato.
Narrador: Certo dia, uma ostra viu-se, juntamente com um grande número de peixes, dentro da casa de um pescador, a pouca distância do mar.
Peixes: Que triste sorte a nossa! Vamos morrer asfixiados.
Ostra: Aguentem-se! Ânimo. Ouço alguém a chegar.
Peixes: É um rato. Menos mal que não é um gato.
Ostra: Rato, será que poderias levar-nos para o mar, se fazes favor?
Rato: Peixes, lamento, mas são muitos e demasiado pesados para mim.
Narrador: Na verdade, o rato estava interessado na ostra. Era grande e bonita. E pensava que devia ser deliciosa. Por isso, decidido a comê-la, disse:
Rato: A ti, Ostra, posso certamente. Mas é preciso que abras a tua concha, porque assim fechada não posso carregar-te.
Narrador: A Ostra, prevenindo-se, abriu cautelosamente a concha. O rato meteu imediatamente o focinho para a abocanhar.
Ostra: Rato, a tua maldade vai custar-te caro.
Rato: Solta-me a cabeça, solta-me a cabeça!
Ostra: Não a tivesses enfiado de mais.
Rato: Estás a magoar-me o pescoço. Solta-me…
Narrador: E como o Rato não parava de gritar, um gato ouviu-o, veio a correr e devorou-o. A Ostra e os Peixes, temendo pela própria vida, e porque nada tinham a perder, apelaram para a boa vontade do Gato:
Ostra: Gato, será que poderias levar-nos para o mar, se fazes favor? Dentro de pouco tempo, estaremos crescidos e, então, poderás pescar peixes grandes e ficar com a minha pérola.
Gato: Estaria a ser ingénuo se vos soltasse em troca de uma pescaria incerta. Mas estão com sorte, porque, por hoje, já estou saciado.