A Lua deu lugar ao Sol, para assim começar o terceiro dia das Olimpíadas Agrárias. O público acordou, fez as camas, tomou o pequeno-almoço e dirigiu-se para o estádio, onde ia assistir aos pequenos orelhudos a darem o seu melhor nas modalidades do dia.
Foi um dia dedicado exclusivamente aos coelhos e às lebres e primos destes.
A primeira modalidade em cartaz foi a mais conhecida nos jogos olímpicos dos humanos, o atletismo. Os coelhos tinham de percorrer quinhentos metros na velocidade máxima. O estádio estava cheio, era uma das provas mais excitantes de todas as Olimpíadas.
Os puladores colocaram-se na linha inicial até ouvirem as palavras do árbitro coelho:
– Partida, largadaaaa, fugidaaaaaa!
Todos pulavam e deixavam um rasto de poeira por onde passavam. O público, que antes fazia barulho, estava em silêncio, a torcer pelos representantes dos seus países com todas as forças.
Quando todos os participantes cruzaram a linha de chegada, ainda nenhum festejava, porque ninguém no estádio sabia quem havia sido o primeiro. Então, foram consultar as câmaras.
O resultado final foi que a lebre jamaicana Lola Bolt havia ganho por um bigode ao coelho americano Pernalonga Looney. O resultado não foi uma grande surpresa, afinal a Jamaica é um dos países que produz mais campeões de atletismo e a maior vencedora de orelhas de ouro em toda a história.
Após um curto intervalo para o almoço, o público regressou ao estádio para a segunda modalidade, o salto por cima da vara.
Dado o começo, os participantes esperaram pela sua vez para mostrar do que eram capazes. Foi sempre um salto mais alto que o outro. A capacidade dos coelhos de saltar é anatomicamente absurda para um animal do tamanho deles.
O último concorrente conseguiu o maior salto de todos e esse concorrente era o Olaf, o coelho branco do Reino Unido, que deu a primeira orelha de ouro à sua nação. Os súbditos da rainha estavam eufóricos nas bancadas do estádio.
Pouco tempo depois, teve início a terceira e última modalidade do dia, o salto artístico.
Os coelhos dirigiram-se para um trampolim para mostrarem o salto ao júri que ia decidir a qualificação de cada um. O vencedor da competição, com uma pontuação de 9.7 em 10 possíveis, foi o coelho belga, mais conhecido como Gigante de Flandres, que mesmo com um tamanho e peso bruto conseguiu fazer um salto que mostrou agilidade e pureza, deixando os competidores de focinho aberto.
Na premiação do coelho belga, o Sol já se punha para descansar. Iria voltar revigorado naquele que ia ser o último dia destas Olimpíadas.