
Personagens: Narrador, pai e filho.
Pai: Filho, vem comigo à floresta.
Filho: Pai, o dia está a declinar!...
Narrador: Pai e filho caminham até chegar junto de um tronco deitado…
Pai: Filho, vou pôr-te uma venda nos olhos.
Filho: Vais deixar-me aqui sozinho?
Pai: Deves permanecer sentado no tronco a noite toda, sem remover a venda, até que os raios do sol te avisem que é de manhã.
Filho: E não posso pedir ajuda a ninguém?
Pai: Não! Se sobreviveres à noite, sem te desmoralizares, serás um homem.
Filho: Confia em mim, pai, vou ser forte!
Pai: Não poderás contar a tua experiência aos teus amigos, nem a ninguém. Cada jovem tem de se tornar um homem sozinho.
Narrador: E a noite decorre vagarosa…
Filho: Estou aterrorizado... Ouço muitos barulhos estranhos ao meu redor. Certamente, há feras a rondar. Talvez até haja homens perigosos capazes de me fazer mal.
Narrador: O vento sopra forte a noite toda, balançando as árvores, mas o rapaz continua corajosamente, sem tirar a venda dos olhos.
Filho: Finalmente, depois de uma noite assustadora, o Sol avisa que é manhã. Resisti.
Já posso tirar a venda dos olhos! Sou um homem!
Narrador: E é nesse momento que ele percebe algo maravilhoso.
Filho: Pai! Estiveste sempre aqui, sentado no tronco, ao meu lado?!...
Pai: Sim, filho! Estive de guarda toda a noite, para te proteger de qualquer perigo.
Filho: Vou lembrar-me sempre disto, pai: estarás sempre a proteger-me, mesmo que eu não o saiba, mesmo que eu não me dê conta disso.
Pai: O mesmo faz Deus connosco: nunca nos abandona, e guarda-nos, estando ao nosso lado, onde estivermos.
