Sala de convívio
22 março 2023

O rato e o caçador

Tempo de leitura: 2 min
Esta pequena peça de teatro adapta uma lenda de Moçambique.
Redação
---

Personagens: Gabriel, Alice, Tembe, Nilza, Simba e Magaua.

 

Gabriel: Era uma vez um caçador que usava armadilhas, abrindo covas no chão.

Tembe (para a mulher): Vou espreitar as armadilhas, Nilza.

Nilza: Tem cuidado. Já me basta a minha má sorte de ser cega.

Tembe: Com a ajuda de Deus, vou trazer comida abundante para nós e os nossos três filhos.

Alice: Quando chegou junto de uma das armadilhas, o Tembe encontrou o leão Simba.

Simba: Bom dia, Tembe! Que fazes no meu território?

Tembe: Ando a ver se as minhas armadilhas apanharam alguma coisa.

Simba: Tu tens de me pagar um imposto, pois esta região pertence-me.

Tembe: Que imposto é esse?

Simba: O primeiro animal que apanhares é teu, o segundo é meu, e assim sucessivamente.

Tembe: Se é assim, hoje, levo a gazela.

Gabriel: E o homem voltou para casa.

Alice: Entretanto, a sua mulher aguardava desesperada, com fome…

Nilza: Vou também procurar comida nas armadilhas.

Gabriel: Porém, como era cega, ela caiu numa armadilha.

Alice: Ao chegar a casa, o Tembe não encontrou a mulher. Seguiu as pegadas que ela tinha deixado e chegou à armadilha, onde o leão o esperava.

Simba: Tembe, a armadilha apanhou um animal. Tens de mo entregar, conforme o combinado.

Tembe: Simba, conversemos. A presa é a minha mulher.

Simba: Não quero saber. O que foi ajustado é lei.

Gabriel: De repente, apareceu o rato Magaua, que era sábio, por ser também curioso.

Magaua: Olá, bom dia! Passa-se alguma coisa?

Simba: Este homem recusa-se a pagar o seu tributo em carne, segundo o combinado.

Magaua: Se concordaram assim, porque não cumpres, Tembe? Deixa a tua mulher e vai-te embora.

Tembe: Se não tenho outra escolha…

Magaua: Agora, ouve-me, ó Simba! Deves mostrar-me como é que a mulher foi apanhada. Há ali outra armadilha. Ensina-me, para experimentar também eu.

Simba (cai na cova): A mulher aproximou-se da cova e caiu dentro dela, assim… aaaaiiii.

Magaua (para a mulher): Nilza, estás livre!

Nilza: Como prova de gratidão, vem viver na minha casa.

Alice: E, assim, o rato passou a viver na casa das pessoas, roendo tudo o que existe.

Partilhar
---
EDIÇÃO
Abril 2024 - nº 627
Faça a assinatura da Audácia. Pode optar por recebê-la em casa e/ou ler o ePaper on-line.