
Personagens: Narrador, fogão, panela, faca, mesa, frigorífico, taparuere, balança, cadeira, relógio e cozinheiro.
Narrador: Era uma vez uma cozinha, onde os equipamentos e utensílios se envolveram numa discussão acerca de quem devia ocupar a chefia daquela república…
Fogão: O mais importante aqui sou eu. E reivindico o título de chefe. Se não fosse o meu fogo, pelo qual os alimentos são cozinhados, isto nem o nome de cozinha merecia.
Panela: Tu, o mais importante?!... Pelo contrário. Todos te dispensávamos, porque ninguém se pode aproximar de ti sem se queimar.
Faca: Eu e a minha família é que somos as principais ferramentas de trabalho…
Mesa: Tu?!! Com uma língua afiada dessas?! Estás sempre a cortar e a separar! Aqui o que é preciso é alguém que una. E para isso estou cá eu.
Frigorífico: Porém, mesa, o que é depositado em ti depressa é levado embora. Eu, ao contrário, conservo os alimentos e as bebidas comigo.
Taparuere: Só que és muito frio. Quem quer um chefe assim? Eu conservo naturalmente quem se confia a mim.
Balança: Vocês discutem, discutem!... Aqui, quem é estável e tenta manter o equilíbrio sou eu…
Cadeira: Mas tens a mania das leis, sempre a avaliar os outros. Um chefe tem de ser compreensivo, não ter os rigores que tu tens. Eu e a minha família somos o assento humilde de quem usufrui deste espaço…
Narrador: E, nesse instante, entra o cozinheiro na cozinha...
Cozinheiro: Tiro do frigorífico o que preciso e ponho na mesa. Peso as doses com a balança. Guardo o que não preciso no taparuere. Com esta faca, corto e divido as porções. Preciso de uma panela… Cá está! E, agora, é só esperar sentado que o fogão cozinhe.
Narrador: Terminada a refeição, o cozinheiro retirou-se. Os habitantes da cozinha iam recomeçar a discussão, mas o relógio de parede interveio:
Relógio: Não aprenderam a lição que o cozinheiro acabou de nos dar? Ele serviu-se das qualidades de cada um e preparou uma bela refeição.
Cadeira: Tenho para mim que ele não quer ser chefe, mas é, realmente, o nosso líder. Será Deus?
