Quando um regime impõe um estilo arquitetónico específico, não está só a escolher um modelo estético
— está a definir uma visão ideológica, a moldar narrativas que definem a realidade. Afinal, um edifício como o Parlamento da Hungria, em Budapeste, que parece saído de um conto de fadas, tem muito mais carácter do que uma réplica estudantil de ordem dórica do Império Romano.
A recente imposição do estilo neoclássico como arquitetura oficial dos edifícios federais nos Estados Unidos da América não é apenas uma preferência pelo mármore e pelas colunas — é uma afirmação política. Foi usado por impérios e regimes autoritários, transmite grandiosidade, ordem e perfeição. Não é por acaso que o vês amplamente adotado pela Alemanha nazi e pela Itália fascista nos livros de História, pois eram regimes obcecados com a criação de uma estética única, monumental e simbólica do poder. Volta a olhar:
a arte reflete a realidade, e vice-versa. Assim como um empresário escolherá um fato de três peças de corte elegante para ser visto como figura de autoridade, os regimes “vestem” a arquitetura que selecionam para transmitir uma imagem de imponência.
No fundo, quando um governo insiste que todos os seus edifícios pareçam templos dóricos da Roma Antiga, talvez esteja menos preocupado com beleza ou funcionalidade e mais com a imagem de um grande império — e a História já provou que quem se acha César acaba cercado.