Sala de convívio
08 maio 2020

Desporto virtual

Tempo de leitura: 4 min
O mundo virtual, resultante do desenvolvimento das tecnologias que nos permitem interagir uns com os outros, mesmo à distância, serviu para manter acesa a chama das competições.
Luís Óscar
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Quando o nosso planeta foi surpreendido pelos efeitos devastadores do novo coronavírus, o desporto foi uma das primeiras atividades humanas a receber ordem de suspensão. A luta pela vida teve, naturalmente, outras prioridades e as competições desportivas profissionais serão sempre algo acessório, por muito que atraiam as pessoas. Mesmo a prática individual, para a simples manutenção da boa condição física, tanto dos amadores como dos profissionais, sofreu fortes restrições.

Mas o desporto não saiu da vida de muitas pessoas, que passaram a estar sujeitas a períodos de isolamento bastante mais longos do que estavam habituadas. O mundo virtual, resultante do desenvolvimento das tecnologias que nos permitem interagir uns com os outros, mesmo à distância, serviu para manter acesa a chama das competições.

A ideia terá partido da Nascar (liga de corridas automóveis dos EUA) que, tal como a Fórmula 1, tinha uma liga virtual. Esta liga é tão poderosa que, este ano, vai distribuir 300 mil dólares em prémios pelos que concorrem no computador. À falta de competição nas pistas reais, proibidas para evitar a propagação do vírus, a organização pôs os pilotos a competir na internet. As corridas foram transmitidas na televisão, seguidas pelos adeptos com idêntico interesse, como se os ídolos estivessem a conduzir os bólides na realidade.

Aproveitando a popularidade das consolas de jogos eletrónicos, seguiram-se rapidamente outras modalidades, incluindo coletivas, como o basquetebol e, naturalmente, o futebol. A Liga espanhola arranjou um patrocinador e, no fim de semana de 21 e 22 de março, convenceu futebolistas a representarem os seus emblemas, num torneio cujas receitas foram entregues à Unicef, o fundo das Nações Unidas para as crianças. Só o dérbi de Sevilha chegou a ter mais de 60 mil seguidores em direto, através da internet.

Portugueses em linha

Atingido pela pandemia, Portugal não passou ao lado desta febre dos jogos online. A Liga portuguesa pediu a cada clube que indicasse um futebolista e, com consolas eletrónicas, realizaram-se os encontros que deviam ter acontecido na realidade, se o campeonato não tivesse sido interrompido.

Na simulação da 26.a jornada, o conjunto dos jogos virtuais registou 600 mil visualizações, representando mais de 900 mil pessoas a seguir as partidas. E isto apesar de o Benfica ter sido impedido de participar, pois a empresa que patrocina a equipa de e-sports do clube é rival da editora do jogo utilizado nestes eventos.

Os jogos eletrónicos pouco mais exercitam do que os dedos, mas, neste caso, ao manterem o interesse pelo desporto, incentivaram o exercício físico. Estudos recentes concluíram que os «adeptos de bancada» praticam mais desporto do que a restante população. E, além de assistirem aos jogos disputados pelos seus ídolos online, os adeptos foram convocados para competir com eles, como sucedeu, por exemplo, numa corrida virtual no Circuito do Estoril.

 

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