Personagens: Narrador, Maria, Sofia, Afonso, Leonor, Ricardo, Diabo e Deus.
Narrador: Era uma vez uma professora, chamada Sofia, que era muito estimada pelos seus conselhos…
Maria: Professora, porque há pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas tão pequenos, que parece que morrem afogadas num copo de água?
Sofia (sorrindo): Queres ouvir uma história?
Toda a turma: Sim!
Sofia: Uma pessoa viveu amorosamente toda a vida. Quando morreu, toda a gente pensou...
Afonso: ... que alguém tão bondoso só poderia ir para o Céu.
Sofia (sorrindo): Só que ir para o Céu não era tão importante para aquela pessoa...
Leonor: O quê?!...
Sofia: Essa pessoa vivia tão naturalmente que, por mero engano, acabou por ir para o Inferno.
Maria: E ela não se deu conta do engano?
Sofia (sorrindo): Não, porque no Inferno, como vocês sabem, não está ninguém à porta.
Afonso: Como São Pedro à porta do Céu...
Sofia (sorrindo): Por isso, ninguém lhe exigiu bilhete de identidade, nem convite.
Leonor: Ou seja, qualquer um que chega ao Inferno entra sem ninguém se importar.
Sofia: A pessoa entrou no Inferno e foi ficando. Alguns dias depois, o Diabo bateu furioso às portas do Paraíso para pedir satisfações a Deus.
Ricardo: Estou a imaginar a cena, ah, ah, ah!
Diabo: Nunca imaginei que fosse capaz de fazer uma coisa dessas comigo! Isto é terrorismo!
Deus: Não sei o motivo de tanta raiva. O que é que se passou?
Diabo: Você mandou aquela pessoa para o Inferno e ela está a fazer uma enorme revolução por lá.
Deus: Poderia explicar-se melhor?
Diabo: Ela escuta as pessoas, olha-as nos olhos, conversa com todos. Agora, toda a gente dialoga. Abraçam-se! Beijam-se!
Ricardo: Ah, ah, ah! O Inferno ficou insuportável. Até parece o Paraíso!
Diabo: Deus, imploro-lhe: pegue naquela pessoa e traga-a imediatamente para o Céu!!!
Sofia: Concluindo: vivamos com tanto amor no coração que se, por engano, formos para o Inferno, o próprio Diabo nos levará ao Paraíso.