À volta do mundo
12 novembro 2025

Nas margens do tempo: a história dos Sumérios

Tempo de leitura: 1 min
Muito antes de Roma sonhar com impérios e de Atenas erguer os pilares da filosofia, havia um povo que escrevia o mundo com estiletes de madeira sobre argila húmida. Chamavam-se Sumérios, e habitavam a planície fértil entre o Tigre e o Eufrates — terra de lamas fecundas e de deuses exigentes.
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Por Cristina Féliz, jornalista

Diz-se que foi em Uruk que tudo começou. As primeiras cidades ergueram-se como promessas de ordem num mundo ainda dominado pelo caos. As ruas eram estreitas, os zigurates elevavam-se como escadas para os céus, e os templos fervilhavam de oferendas e cânticos. Cada cidade tinha o seu deus, o seu rei-sacerdote, o seu destino traçado nas estrelas.
Foi ali que nasceu a escrita. Não por poesia, mas por necessidade: para contar cevada, registar dívidas, organizar o comércio. Mas depressa os símbolos ganharam alma. Das tabuletas brotaram mitos, leis, orações. E entre eles, o mais antigo herói da literatura: Gilgamesh, rei de Uruk, que desafiou os deuses em busca da imortalidade.
Os Sumérios não eram apenas escribas e sonhadores. Eram engenheiros da terra e do tempo. Domaram os rios com canais e diques, criaram calendários para prever as cheias, dividiram o círculo em 360 graus e o dia em 24 horas. Tudo o que hoje tomamos por certo, eles ousaram inventar.
Mas como todas as civilizações, também a deles conheceu o declínio. Vieram os Acádios, depois os Babilónios, e os Sumérios foram-se diluindo na poeira da história. Contudo, as suas palavras, gravadas em argila, resistiram ao tempo. E hoje, quando lemos os seus textos, é como se ouvíssemos ecos de um mundo que, embora distante, ainda pulsa sob os nossos pés.

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Artigos
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EDIÇÃO
Novembro 2025 - nº 644
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