O profeta Sofonias, cujo nome significa «o Senhor o escondeu ou o Javé protege», foi um dos profetas menores do Antigo Testamento. Existe uma breve genealogia no início do seu pequeno livro, quiçá para certificar a sua ascendência judia, pois o nome do seu pai, Cuchi, que significa «etíope» ou «núbio», poderia indicar que o profeta era filho de estrangeiros.
Exerceu a sua actividade profética no período de 639-609 a. C., durante o reinado de Josias, quando Judá enfrentava dificuldades por causa do domínio assírio, que se tinha imposto a toda a região da Síria-Palestina. Havia, por isso, muitas influências de outras culturas e crenças, que desviaram o Povo de Deus dos caminhos rectos, da justiça, do amor a Deus e aos seus irmãos.
É neste contexto social, político e religioso que Sofonias é chamado pelo Senhor a profetizar. Os temas centrais do seu ministério profético são: o dia do Senhor, uma metáfora que explica a intervenção de Deus na História, um acontecimento catastrófico em que se julgará Judá, Israel e todos os povos da Terra; os oráculos contra a Jerusalém rebelde e todas as nações opressoras e autoritárias, que reprimem e exploram o povo; um apelo à conversão, à prática da justiça e da humildade; o anúncio universal de salvação; a defesa dos pobres e humildes, que são explorados e endividados, eles são os preferidos de Javé, eles constituem o «pequeno resto de Israel», uma pequena parcela do povo de Deus que constitui a única esperança para a edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária e que poderá contemplar Jerusalém como uma cidade que festeja com alegria.
Processo
de conversão
Sofonias denuncia a cultura de morte dominante, que marginaliza e fere a dignidade dos filhos e filhas de Deus. Apregoa com veemência o castigo, a destruição total e o julgamento terrível de Deus contra aqueles que exploram e empobrecem o povo, clama por liberdade e justiça. Refere que o Senhorcastigará todos os que adoptaram costumes estrangeiros e caíram na idolatria. Não obstante, o castigo e a destruição, na perspectiva de Sofonias, não são um fim em si mesmos, mas um caminho para a conversão, a salvação e a restauração (cf. Sf 3, 18-20). Também nós, imensas vezes nos desviamos de Deus, andamos por caminhos que nos magoam, de aparente felicidade, mas que não nos permitem estar em sintonia com o Senhor. Quantas vezes nos magoamos com decisões erradas, tomamos caminhos e decisões más, afastamo-nos de Deus.
Salvação universal
Sofonias faz, igualmente, um anúncio de restauração e salvação universal, convidando os povos a voltar os olhos para o Senhor, a ter esperança, a confiar no seu amor, na sua misericórdia e nas suas promessas.
O povo deve, novamente, centrar a sua esperança no Senhor e, de coração purificado, encontrar-se com o Senhor e edificar uma sociedade nova, onde floresça a justiça, a paz, a alegria. Tudo isso é possível porque Deus é fiel à sua Aliança, afasta os inimigos, perdoa as faltas do seu povo, está sempre presente como Salvador. «O Senhor, rei de Israel, está no meio de ti. Não temerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém: “Não temas Sião! [...] Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa”» (cf. Sf 3, 15-17), exclama o profeta com convicção e entusiasmo, explicitando as razões da sua esperança.
O Deus que convida a realizar um processo de conversão e anuncia a destruição é o mesmo Deus que dança e grita de alegria por cada um de nós, é o Deus que nos salva e renova com o seu amor. É essa transformação espiritual que nos permita o encontro com Deus e com os nossos irmãos e irmãs. Que bom é ser amado por Deus! Que bom é sentir que Deus está no meio de nós, nos envolve com o Seu amor e nos acompanha!
Com essa certeza do amor de Deus, também nós estamos chamados a fazer a vontade de Deus e a testemunhar com audácia e alegria o seu Reino a todos os povos da Terra, pois a todos se destina a sua mensagem de liberdade, vida e salvação.
Participar na missão
Justin Assey Yao é um jovem comboniano do Benim que se encontra a estudar Teologia. Partilha o chamamento à vocação missionária que Deus lhe fez no quotidiano da vida e a resposta que continua a dar cada dia.
«O meu nome é Justin. Nasci em 1997 em Grand-Popo, no Benim. Sou o quarto de uma família de cinco filhos que cresceram num ambiente familiar simples, crente e pacífico. Em criança, deixei a minha aldeia para ir com a minha tia para Gonzagueville, na Costa do Marfim. Aí completei os meus estudos primários. Em 2009, fui baptizado e recebi a minha primeira comunhão. Nesse mesmo ano, regressei ao meu país, a Cotonu, para continuar os meus estudos secundários.
A minha vocação missionária nasceu no contexto normal da minha vida. No final do quinto ano da catequese de crisma, o nosso catequista perguntou-nos como íamos servir a Igreja depois de receber o sacramento. A pergunta despertou em mim a chama do Senhor. Mais tarde entrei no grupo dos acólitos da minha paróquia, o que reforçou a minha vida de fé e a minha vocação, e quando tive a oportunidade de conhecer a vida missionária de São Daniel Comboni, fiquei impressionado com o seu zelo missionário, o seu amor a Cristo e o seu carisma de evangelizar a África apesar das dificuldades e da precariedade de meios. Decidi tornar-me comboniano no dia em que o padre Leopold Adanle foi ordenado na minha paróquia. Entrei em contacto com o promotor vocacional, padre Canisius Metin, e entrei no postulantado em 2016.
Durante esta primeira etapa da formação, não faltaram dificuldades, que resolvi através da oração, dos conselhos dos formadores e do apoio dos meus irmãos de comunidade. A 8 de Maio de 2021 fiz a minha primeira profissão religiosa e estou há três na última fase de formação, estudando Teologia.
Hoje, num mundo onde a mensagem da cruz e o espírito de sacrifício proposto por Jesus parecem opor-se à procura do bem-estar individual e do conforto material, vale a pena ser missionário. Aos jovens, gostaria de dizer: confiem em Deus e arrisquem sem medo por amor do Filho de Deus. Vós e eu somos chamados a participar na missão redentora de Cristo. A vocação não surge de uma só vez, nem anda sobre carris. Durante toda a nossa vida, temos de continuar a procurar a vontade de Deus, cujo amor por nós é permanente, mesmo no meio do nosso deserto e da nossa humanidade vulnerável.»