
Disseram-me os meus irmãos: «A mãe está há quase um mês sem abrir os olhos, sem abrir a boca, sem qualquer reacção... está nos últimos momentos.» Fiquei desorientado, sem saber o que fazer. Ela estava hospitalizada por uma infecção pulmonar, entre muitas outras coisas. Estava a sufocar, mantinham-na com oxigénio e morfina. Os meus irmãos decidiram não prolongar a sua agonia com mais antibióticos. Eu tinha de sair para uma visita pastoral, o meu coração estava partido, naquele mês não tinha um único dia livre. Muitas pessoas esperavam pelas confirmações, pela inauguração de uma capela, pela visita pastoral. Decidi seguir em frente e, com o coração apertado, sabendo que não teria internet durante a maior parte da visita a Bagandou.
Na capela de Monguinza, os recém-baptizados mostraram a sua alegria por serem filhos de Deus. Um jovem de 19 anos, do quinto ano, substituiu o seu pai catequista. Cumprimentei uma idosa, a quem a lepra devorou os pés e que se arrasta com os cotos envoltos em trapos até à igreja. E ela não se queixou, que grande fé! Enquanto a minha mãe agonizava, eu anunciava o Evangelho da vida. Como foi difícil! Em cada comunidade, os cristãos rezavam pela minha mãe em agonia. Havia um silêncio respeitoso entre as pessoas.
