Foto: Lusa
Alejandra tem 12 anos, é natural de El Salvador. Acorda diariamente às quatro da manhã. A menina dedica-se à recolha de curiles (pequenos moluscos) nos manguezais de El Espiritu Santo, Usulutan, no país da América Central. Na pressa de chegar ao trabalho, Alejandra não costuma tomar o pequeno-almoço. É mais importante ter a certeza de que tem tudo o que precisa para o dia de trabalho de catorze horas na lama: uma dúzia de charutos para repelir mosquitos e quatro comprimidos para evitar que adormeça. Boa parte do dinheiro que ganha vai para comprar estes artigos. No mangal, sem sapatos, Alejandra enfrenta o mau tempo, picadas de insectos e cortes e arranhões por ter de puxar os curiles das profundezas da lama. Num dia consegue recolher cerca de 150 conchas, valendo o equivalente a 1,40 dólares. Para ajudar os seus sete irmãos mais novos, Alejandra não tem possibilidade de ir à escola. De qualquer forma, «prefere não estar com elas porque dizem que cheira a pântano e afastam-me das suas conversas», conta.