«Eu sou jovem demais para sofrer assim. Comecei muito cedo a chorar, a ter medo e a sentir-me desprotegido. Espero sair rapidamente deste lugar, porque aqui o tempo é “circular”, não faz sentido, nada muda e estou a perder uma energia valiosa. Não posso perder mais tempo, tenho de construir um futuro», relata a parlamentares do Conselho da Europa um jovem de 15 anos, detido num centro de detenção de migrantes. À sua semelhança, mais de sete milhões de crianças e jovens até aos 18 anos estão detidos em todo o mundo, revela o estudo Global Study on Children Deprived of Liberty 2019, promovido pelas Nações Unidas. Uma das principais conclusões do documento é que as crianças privadas de liberdade são invisíveis para uma grande maioria da sociedade e que a realidade destes menores constitui uma grave violação da Convenção sobre os Direitos da Criança.
O relatório realça ainda que as crianças privadas de liberdade pertencem a um dos grupos mais vulneráveis, discriminados, excluídos e esquecidos da sociedade contemporânea. «A privação de liberdade de crianças significa essencialmente a privação da sua infância», sublinha Manfred Nowak, perito independente das Nações Unidas e principal autor do estudo global.