Opinião
11 junho 2025

Plástico – um flagelo: do ambiente aos oceanos

Tempo de leitura: 4 min
Cada garrafa recusada, cada saco de pano utilizado e cada iniciativa de recolha selectiva contam para a saúde do planeta.
Francisco Ferreira
Associação ZERO e Professor no CENSE/FCT-NOVA
---

O Dia Mundial do Ambiente, celebrado a 5 de Junho, tem por tema este ano a poluição por plásticos, uma área que se assume como uma das mais graves ameaças ao equilíbrio dos nossos ecossistemas e à saúde humana. Todos os anos, cerca de 11 milhões de toneladas de plástico acabam nos rios, lagos e oceanos, enquanto partículas microscópicas se acumulam no solo agrícola e mesmo na água potável, sendo detectadas em organismos marinhos e até no cordão umbilical de recém-nascidos. O custo global deste flagelo ascende a centenas de milhares de milhões de euros, prejudicando actividades económicas tão diversas como a pesca e o turismo, além de agravarem as alterações climáticas e acelerarem a perda de biodiversidade.

Apesar de a dimensão do problema dos plásticos parecer esmagadora, cada um de nós pode contribuir para reduzir drasticamente o consumo de plástico. No quotidiano, a escolha de produtos a granel e de embalagens reutilizáveis revela-se fundamental. Ao optarmos por frascos de vidro, podemos convertê-los em recipientes para conservas caseiras, sementes, detergentes concentrados ou até para levar água fresca para o escritório.

Junho é um mês também marcado pela 3.ª Conferência das Nações Unidas para os Oceanos, a decorrer em Nice, França, de 9 a 13 de Junho. Co-organizada por França e Costa Rica, esta reunião assume um papel decisivo na mobilização global. Sob o lema «Acelerar a acção e mobilizar todos os actores para conservar e usar de forma sustentável o Oceano», este encontro visa impulsionar a implementação do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 14, dedicado à conservação e utilização sustentável dos mares e recursos marinhos. Reúne representantes de governos, organizações não-governamentais, sector privado, comunidades indígenas e sociedade civil para elevar a ambição dos processos multilaterais, promover acordos que reforcem a protecção dos oceanos e mobilizar financiamento para projectos de economia azul, impulsionando uma transição que gere emprego e acesso equitativo aos recursos. Na conferência, é dada particular atenção ao reforço da investigação científica marinha, garantindo que decisões políticas assentes em dados credíveis conduzam a uma gestão mais eficaz das zonas costeiras e águas profundas.

O tema do plástico é assim comum a 5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente e a 8 de Junho, Dia Mundial dos Oceanos. As toneladas de plástico que hoje se acumulam nas praias e nas fossas abissais ameaçam a vida marinha, comprometem as cadeias alimentares e põem em risco a segurança alimentar de milhões de pessoas. Somente por meio de medidas como a redução drástica do uso de plástico descartável, a adopção de embalagens reutilizáveis e a participação activa em programas de reciclagem poderemos inverter a trajectória actual. Cada garrafa recusada, cada saco de pano utilizado e cada iniciativa de recolha selectiva contam para a saúde do planeta. É um apelo a que governos, empresas e cidadãos se unam numa acção colectiva, transformando boas intenções em práticas duradouras.   

Partilhar
---
EDIÇÃO
Junho 2025 - nº 758
Faça a assinatura da Além-Mar. Pode optar por recebê-la em casa e/ou ler o ePaper on-line.