Sala de convívio
08 maio 2022

Sobre topónimos

Tempo de leitura: 1 min
Por vezes, alguns jornalistas e tradutores portugueses cedem à tentação de adotar «novos» topónimos.
Hélder Guégués
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As aspas uso-as aqui para significar que, na verdade, não são novos: para dar dois exemplos, é o caso de Mumbai e Beijin. Ora, quando levamos séculos a escrever Bombaim e Pequim, não se descortina bem a razão para começar a escrever de forma diferente. Mas não é, como verão, o argumento decisivo. Devemos continuar a escrever Bombaim e Rangum (vá outro exemplo) apesar de as autoridades locais terem oficializado a forma hindi Bambai e a marata Mumbai, na Índia, e, em Mianmar, se ter optado pela versão local Yagon. Só alteramos o exónimo (designação pela qual um nome próprio, de cariz geográfico ou étnico, é conhecido fora da língua nativa) português quando se trata de uma denominação nova e não da simples passagem da anterior para outra língua. Assim, hoje em dia usamos São Petersburgo e não Leninegrado, ou Burkina Faso e não Alto Volta. Já pela argumentação se pode concluir que também não devemos passar a escrever Kyiv — como fizeram alguns jornais em Espanha — ou qualquer outra forma que não Kiev. Há outras maneiras, mais racionais e eficazes, de ajudarmos os Ucranianos.

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EDIÇÃO
Março 2024 - nº 626
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