Sala de convívio
19 agosto 2019

Cheiros perdidos

Tempo de leitura: 4 min
Eu ia cheia de pressa, o tempo para as compras era pouco, a disposição não era das melhores, mas a voz da mulher na banca da fruta fez-me parar de repente. «Olhe as minhas maçãs, freguesa! Olhe que até cheiram e sabem a maçã!»
Alice Vieira
Escritora
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Sorrio, olho o vermelho da casca e acabo por sucumbir à tentação, qual Branca de Neve diante da malvada madrasta.

E dou comigo a pensar no tempo em que as coisas cheiravam àquilo que eram, em que as maçãs cheiravam a maçãs, os morangos enchiam de perfume as nossas casas, o pão sabia apenas a pão, e o soalho da nossa casa tinha um honesto e lavado cheiro a sabão.

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EDIÇÃO
Abril 2024 - nº 627
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