Personagens: Narrador, fazendeiro, Miguel.
Narrador: Em certa região do sertão brasileiro, trabalhavam muitas pessoas, entre elas um menino muito esforçado.
Fazendeiro: Miguel, já sabes o que tens de fazer hoje?
Miguel: Tenho de levar os animais a pastar no campo. Mas o que eu gostaria de fazer era lidar com os cavalos.
Fazendeiro: Gostas muito de cavalos?
Miguel: Sim, e tenho facilidade em treiná-los.
Fazendeiro: Muito bem. Então, hoje vais cuidar dos meus 30 cavalos. Mas ai de ti se perdes algum!
Miguel: Estarei muito atento, senhor!
Narrador: Tudo corria bem ao Miguel.
Miguel: A manada de cavalos está entretida a comer. Vou aproveitar para descansar nesta sombra e tomar o meu mate chimarrão.
Narrador: Mas aconteceu um percalço.
Miguel: Oh, não! Falta-me um cavalo. Desapareceu o cavalo preferido do patrão. O que vou fazer?!... Vou regressar…. Talvez não dê pela falta do cavalo baio.
Narrador: E o resultado foi doloroso.
Fazendeiro: Negrinho do Pastoreio! Onde está o meu cavalo baio?
Miguel: Não sei, senhor! Perdi-o!
Fazendeiro: Perdeste-o?!... Volta ao campo e não regresses sem o trazer.
Narrador: O Miguel passou toda a tarde à procura do cavalo.
Miguel: Não encontro o cavalo baio e começa a escurecer. Tenho de voltar para casa.
Fazendeiro: Negrinho do Pastoreio, não trazes o meu cavalo! Vais ser castigado. Para o tronco, já! Levarás trinta vergastadas.
Narrador: E o fazendeiro deixou o Miguel estendido, ao relento da noite fria, certo de que estava morto. No dia seguinte:
Fazendeiro: Negrinho do Pastoreio?!... Estás vivo? E montas o meu cavalo?!... Só pode ser milagre, pois nem tens nenhum ferimento no corpo!
Miguel: Sim, senhor! Esta noite, eu pedi ajuda à Virgem Maria, para que me ajudasse a encontrar o seu cavalo. E o cavalo baio apareceu-me vindo do campo, como por milagre.
Fazendeiro: Estou arrependido do que te fiz. Perdoa-me.
Miguel: Peço-lhe, apenas, que me deixe ficar com o cavalo baio.
Fazendeiro: Sim, podes ficar com ele, e vai, vai, feliz, galopar com ele.
Narrador: Diz-se que, desde então, o Miguel, pastorzinho afro-americano, é visto a cavalgar com o seu cavalo pelos campos e, sempre que alguém perde alguma coisa, basta acender uma vela a Nossa Senhora e pedir a ajuda do menino e do seu cavalo para que o pedido seja atendido.