
Cada vez mais as pessoas se queixam de défice de atenção. Parece que já não somos capazes de nos concentrar numa única tarefa. Se estamos a ver um filme, estamos a mexer no telemóvel ao mesmo tempo; se queremos ler um livro, não conseguimos manter a atenção até ao final da página, ou até saltamos frases para chegarmos mais rápido ao final. As próprias redes sociais estão construídas de acordo com este modelo de estimulação rápida e intermitente: os vídeos são cada vez mais curtos, passamos para o próximo automaticamente, já ninguém vê nada que tenha princípio, meio e fim.
Reparem numa fila em qualquer estabelecimento. Quantas pessoas estão verdadeiramente à espera? Simplesmente a observar o ambiente, a analisar as pessoas ao redor, ou até eventualmente a fazer conversa de circunstância com as pessoas à volta? Se houver alguém, serão certamente os mais velhos, que cresceram de outra forma e sempre tiveram a sua rotina sem o stress e a estimulação permanentes que nós, feliz ou infelizmente, com as suas vantagens e desvantagens, tivemos.
Tudo isso tem impacto nas relações interpessoais, na qualidade de vida, no sucesso profissional e, acima de tudo, na saúde. Eu estou a alterar pequenas coisas no quotidiano para reeducar o meu cérebro, fazer pequenos esforços para reaprender a esperar. Reparo quando estou a cometer erros e paro imediatamente. Afinal, todos somos detentores de vontade e bom senso.
