
Cervantes não escreveu apenas a história de um homem que enlouqueceu por ler romances de cavalaria
— escreveu o retrato de todos aqueles que se recusam a aceitar o mundo tal como ele é, e ousam vê-lo como poderia ser.
Dom Quixote de la Mancha não é um tolo, é um visionário deslocado. Ele vive numa época sem esperança. Ri-se dele quem não entende que o verdadeiro louco é aquele que desiste de lutar pelos seus sonhos.
Cada investida contra um moinho é o símbolo da nossa luta interior contra as forças invisíveis que nos dizem “não dá”.
Dom Quixote de la Mancha vê gigantes onde os outros veem máquinas — embora o mundo o corrija, é ele quem, na verdade, corrige o mundo, lembrando que sem imaginação não há grandeza.
A sua jornada é trágica e sublime ao mesmo tempo, ele falha a quase tudo o que empreende, mas triunfa naquilo que realmente é importante — a coragem de permanecer fiel a si mesmo.
Dom Quixote de la Mancha morre lúcido, e talvez por isso morra triste. Ainda assim, o seu delírio permanece vivo em todos quantos preferem sonhar com a beleza, mesmo quando o mundo insiste em mostrar o negrume das trevas.
Dom Quixote de la Mancha, em última análise, é o símbolo do espírito que se recusa a ceder. Permitamo-nos encantar por esta personagem, criada pelo espanhol Miguel de Cervantes e publicada em janeiro de 1506.
