Personagens: Narrador, Caracol e Borboleta.
Narrador: Entre a folhagem tenra e húmida do canteiro de uma praça, deslizava lentamente um caracol. Sobre as folhas e flores, uma linda borboleta bailava com toda a sua leveza e graciosidade. Esta, sem reparar nisso, pousou em cima do caracol.
Caracol: Com que direito te sentas sobre mim e a minha casa?
Borboleta: Desculpa! Nem reparei que estavas aí.
Caracol: Pois devias reparar no que te rodeia e dar o devido respeito aos outros.
Borboleta: Olha, Caracol, agora sou eu que estou zangada. Não tive a intenção de te ofender, mas já que estás ofendido, então vou dizer-te umas verdades.
Caracol: Já sei, vai dizer-me que és superior a mim só porque tens duas vidas, uma na terra e outra no ar!
Borboleta: Exatamente! Eu também já fui uma lagarta repugnante, mas felizmente passei pela metamorfose e hoje sou esta linda borboleta que está à tua frente.
Caracol: Se te consideras privilegiada porque agora tens asas, eu também me sinto privilegiado, porque tenho a minha casa. E, quando resolvo repousar, basta encolher-me dentro dela!
Borboleta: Achas que isso me causa inveja? Que disparate! Para que quereria eu uma casinha minúscula e ridícula como a tua, se as minhas asas me levam aonde eu quiser e se tenho todo o espaço da Terra para voar?
Narrador: Nisto, as ervas e as flores, os insetos e os pássaros das redondezas começaram a rir, fazendo troça do orgulho da Borboleta e do Caracol. Então, estes, arrependendo-se e abandonando as carantonhas, disseram:
Caracol: Olha, graciosa Borboleta, agora sou eu que te peço desculpa. Tu tens a tua vida e eu tenho a minha. Sou feliz como sou, porque tenho a vida digna de um caracol e o meu viver é rastejar. E tu tens a faculdade de voar.
Borboleta: Sim! Cada um de nós é do modo como o Criador nos criou, e cada qual tem direito a ter a vida e o espaço que lhe cabe, respeitando as diferenças e aceitando as próprias limitações.
Narrador: E assim o Caracol e a Borboleta fizeram as pazes e foram amigos para sempre.
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Boa diversão!