Música
16 outubro 2025

Discos: For The Deported e Multicolor

Tempo de leitura: 3 min
São os temas sociaias que animam as escolhas musicais para o mês de outubro. É um mês especial que nos abre os horizontes à dimensão do mundo.
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Título: For The Deported

Autor e intérprete: Elmiene

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Abdala Elamin, conhecido profissionalmente como Elmiene, é um cantor anglo-sudanês que nasceu em Frankfurt, de pais sudaneses que emigraram para a Alemanha, no final da década de 1990. Posteriormente, mudaram-se para o Reino Unido, país onde vive o cantor. Foi indicado para o Brit Award de Rising Star em 2025.Nas suas músicas desenvolve a herança sudanesa e sons do soul, R&B e funk. No seu último projecto, For The Deported – tema emocionante que abre o EP e é tocado com acordes simples de piano –, Elmiene denuncia a situação de destruição e caos no Sudão, que ele visitava todos os anos enquanto crescia. Quando em 2023 a guerra eclodiu entre o Exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido, a avó, as tias e os primos de Elmiene fugiram pelo deserto para o Egipto, juntamente com mais de um milhão de pessoas. As Nações Unidas estimam que o conflito causou mais de 12 milhões de deslocados. For The Deported aborda questões relevantes, como a importância da identidade cultural e da história familiar, a capacidade de resiliência e a força de manter viva a esperança. É também um forte e emocionante convite à construção activa da paz.

 

 

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Título: Multicolor

Autor e intérprete: Lura

Disponível nas plataformas digitais

Maria de Lurdes Pina Assunção, que adoptou o nome artístico Lura, nasceu em Lisboa em 1975. Filha de pais cabo-verdianos, a cantora carrega na sua voz a força das suas raízes crioulas, entrelaçando o funaná, o batuque e a morna com influências urbanas e contemporâneas. No disco Multicolor – que conta com colaborações de Dino D’Santiago, a cantora beninense Angelique Kidjo e o escritor angolano José Eduardo Agualusa – Lura parte das suas vivências enquanto cidadã luso-cabo-verdiana para explorar as questões da identidade, da multiculturalidade e da alteridade. A cantora assinala que o «álbum é o reflexo do meu universo cultural neste mundo cheio de cores e misturas. Sou uma mulher negra, orgulhosa das minhas raízes. Sou feita de todas as cores, todas as cidades por onde passei, as culturas que já conheci e experiências que vivi. Nasci em Lisboa, uma cidade que vive de uma enorme diversidade de gentes e culturas.
E hoje, canto para o mundo inteiro. Sou preta, mas acima de tudo, sou multicolor». Um belo disco que nos permite sonhar com um mundo melhor, mais tolerante, que valoriza a diferença e a riqueza da multiculturalidade.

 

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Discos
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EDIÇÃO
Outubro 2025 - nº 761
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