O ano de 2019 ficará marcado como um período de sobressalto para um numeroso grupo de países da América Latina – o Chile pelo motim desencadeado pelo aumento do preço do bilhete do metro, a Bolívia pelo afastamento de Morales do poder, nas tristes circunstâncias em que o foi, a Colômbia, a Venezuela, claro, o Equador. O Haiti também, mas dele não se falou mais. Nunca mais.
Da metade ocidental da Hispaniola não se voltou a falar nem por ocasião do décimo aniversário do horror do dia 12 de Janeiro de 2010, quando a Terra quis sacudir de si um dos mais desgraçados países do mundo. Nesse dia um abalo de grau 7,2 da escala de Richter mandou tudo abaixo, casas, bens e pessoas – 220 mil mortos pelo menos. A haitiana Rodolphe Ernest estava de passeio na vizinha República Dominicana. Quando voltou, teve dificuldade em situar-se no meio das ruínas do que fora Porto Príncipe, a área mais atingida. «Ao regressar passei por lugares que já não consegui recordar. [...] Aos que continuávamos vivos só nos restou abraçar-nos por podermos continuar vivos e chorar pelos que se foram», disse à InfoLibre.