Perto do chafariz, no largo da aldeia, abafada pelo imenso calor estival, Amílcar passava delicadamente a esponja cheia de sabão no seu carro novo. Aí estava, diante dos seus olhos brilhantes de orgulho e alegria, o fruto do primeiro ano de trabalho em França.
Amílcar não pertencia à primeira vaga de emigrantes da aldeia. Na verdade, nem pertencia à segunda onda de emigração. Antes dele, o Porto Mourisco e toda a Beira Alta haviam visto uma sangria da sua população, saindo para França, Alemanha, Suíça, e mesmo para o Brasil e Argentina.