Ainda um dia aqui falaremos (ou já o fizemos?) sobre o feminino no nome de profissões e cargos. Infelizmente, o politicamente correto (com certeza já ouviram esta expressão: significa o que está de acordo com as convenções dominantes no seio de uma comunidade) está a tentar corroer as fundações da língua.
Uma moda que felizmente ainda me parece circunscrita ao mundo da política (mas que, com o tempo de antena que os políticos têm, exerce uma influência enorme e contínua) é usar – desnecessariamente! – o masculino e o feminino. Algo como isto: «Agradeço aos leitores e às leitoras da Audácia todas as sugestões que me mandam para a minha rubrica sobre a língua portuguesa.» (Sim, podem mandar-me sugestões, dúvidas, dicas.) Acontece que a nossa língua não precisa disso, nem carece de ser reformada: basta dizer-se «leitores», e toda a gente sabe que se fala de homens e mulheres, leitores e leitoras. É assim, simplesmente. É o ADN da nossa língua. Se estivermos a falar de mil pessoas, entre as quais apenas um homem – ainda assim diremos «eles».