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23 julho 2019

Juba é novo centro de tráfico humano

Tempo de leitura: 3 min
Redes de traficantes lucram com crise de migrantes no Sudão do Sul
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A cidade de Juba, capital do Sudão do Sul, está a transformar-se em um grande centro de tráfico humano favorecido por um sistema corrupto profundamente enraizado e pela falência do sistema legislativo e institucional após mais de cinco anos de guerra civil.

Um relatório da «Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento» (IGAD) na África Oriental, em colaboração com a «Organização Internacional de Polícia Criminal» (Interpol) afirma que as redes de traficantes de seres humanos estão a lucrar com a crise de migrantes no Sudão do Sul e estão a fazer de Juba um centro para o tráfico de pessoas.

Devido à guerra civil que eclodiu em 2013, apenas dois anos após a independência do Sudão do Sul, o setor legislativo do país tem falhado em muitos aspetos. Além disso, a capacidade e disposição para aplicar as leis existentes é muito fraca, enquanto a corrupção entre os funcionários do governo é desenfreada.

A população perdeu a maior parte das fontes de subsistência, a família e as redes de apoio social, e não pode confiar na proteção das instituições e das leis. Essa situação leva à um terreno extremamente fértil para os traficantes, que podem agir sem serem importunados e também porque os enormes problemas sociais tendem concentrar toda a atenção das instituições nacionais e internacionais.

Segundo o relatório, as redes de traficantes são dominadas por somalis e pescadores infiltrados entre os migrantes. Estimativas da Organização Internacional para as Migrações, que datam de 2017, apontam para 845 mil migrantes no Sudão do Sul. Muitos deles são irregulares.

O problema também foi identificado pelo fórum «Better migration management» realizado em Juba no ano passado, por ocasião do dia internacional da migração, em 18 de dezembro. Nessa ocasião, Edmund Yakani, diretor sul-sudanês da Cepo (Organização para o Progresso), conhecido por seu trabalho na defesa de direitos, disse que o tráfico de seres humanos é um problema real no Sudão do Sul, mas ninguém quer falar sobre isso. E acrescentou que é necessário colocar em campo ações contínuas e eficazes para proteger as pessoas mais vulneráveis ​​que poderiam mais facilmente cair nas mãos dos traficantes.

Neste sentido, é fundamental intercetar os fluxos financeiros ilegais que sustentam as redes de tráfico humano e assim travar também os agentes desta rede. Há quem acredite que Juba é um local particularmente seguro para os traficantes, também porque no país correm rios de dinheiro resultantes de atividades ilegais. A corrupção é generalizada e por isso é fácil “lavar” dinheiro sujo investindo em vários setores-chave, como imóveis, material de construção e importação - mais ou menos legal - de combustíveis, setores que também são controlados por somalis.

Com informações de Nigrizia.

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