Actualidades
12 dezembro 2019

A paz como caminho de esperança

Tempo de leitura: 5 min
Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz focada em três aspetos: diálogo, reconciliação e conversão ecológica
---

«A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica» é o título da mensagem do Papa para a celebração do Dia Mundial da Paz, a ser assinalado a 1 de janeiro de 2020.

No início da mensagem, Francisco destaca que “a paz é um bem precioso, objeto da nossa esperança; por ela aspira toda a humanidade” e que ela “é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis”.

“As terríveis provações dos conflitos civis e dos conflitos internacionais, agravadas muitas vezes por violências desalmadas, marcam prolongadamente o corpo e a alma da humanidade. Na realidade, toda a guerra se revela um fratricídio que destrói o próprio projeto de fraternidade, inscrito na vocação da família humana”, escreve.

Neste sentido, o Papa salienta que toda a situação de ameaça alimenta a desconfiança e a retirada para dentro da própria condição: “Desconfiança e medo aumentam a fragilidade das relações e o risco de violência, num círculo vicioso que nunca poderá levar a uma relação de paz.”

Francisco então questiona: “Como construir um caminho de paz e mútuo reconhecimento? Como romper a lógica morbosa da ameaça e do medo? Como quebrar a dinâmica de desconfiança atualmente prevalecente?”

Para depois indicar que “devemos procurar uma fraternidade real, baseada na origem comum de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua. O desejo de paz está profundamente inscrito no coração do homem e não devemos resignar-nos com nada de menos”.

O pontífice refere na mensagem que o processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo: “É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça” que “num Estado de direito, a democracia pode ser um paradigma significativo deste processo”.

“Pelo contrário, a fratura entre os membros duma sociedade, o aumento das desigualdades sociais e a recusa de empregar os meios para um desenvolvimento humano integral colocam em perigo a prossecução do bem comum. Inversamente, o trabalho paciente, baseado na força da palavra e da verdade, pode despertar nas pessoas a capacidade de compaixão e solidariedade criativa”, explica.

No ponto em que destaca a paz como caminho de reconciliação na comunhão fraterna, o Papa afirma que a Bíblia, particularmente através da palavra dos profetas, “chama as consciências e os povos à aliança de Deus com a humanidade”.

“Trata-se de abandonar o desejo de dominar os outros e aprender a olhar-se mutuamente como pessoas, como filhos de Deus, como irmãos”, refere.

Sobre a paz como caminho de conversão ecológica, Francisco reafirma que “se às vezes uma má compreensão dos nossos princípios nos levou a justificar o abuso da natureza, ou o domínio despótico do ser humano sobre a criação, ou as guerras, a injustiça e a violência, nós, crentes, podemos reconhecer que então fomos infiéis ao tesouro de sabedoria que devíamos guardar”.

“Vendo as consequências da nossa hostilidade contra os outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais – considerados como instrumentos úteis apenas para o lucro de hoje, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem comum e pela natureza –, precisamos duma conversão ecológica”, assinala.

“Para os discípulos de Cristo, este caminho é apoiado também pelo sacramento da Reconciliação, concedido pelo Senhor para a remissão dos pecados dos batizados. Este sacramento da Igreja, que renova as pessoas e as comunidades, convida a manter o olhar fixo em Jesus, que reconciliou «todas as coisas, pacificando pelo sangue da sua cruz, tanto as que estão na terra como as que estão no céu»; e pede para depor toda a violência nos pensamentos, nas palavras e nas obras quer para com o próximo quer para com a criação”, explica.

Na conclusão da mensagem, o Santo Padre indica que a graça de Deus Pai oferece-se como amor sem condições.

“Recebido o seu perdão, em Cristo, podemos colocar-nos a caminho para ir oferecê-lo aos homens e mulheres do nosso tempo. Dia após dia, o Espírito Santo sugere-nos atitudes e palavras para nos tornarmos artesãos de justiça e de paz. E que toda a pessoa que vem a este mundo possa conhecer uma existência de paz e desenvolver plenamente a promessa de amor e vida que traz em si”, conclui.

Partilhar
Newsletter

Receba as nossas notícias no seu e-mail