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27 julho 2022

Um profeta para a Amazónia

Tempo de leitura: 3 min
No Brasil realizou-se a romaria em celebração da memória do Servo de Deus padre Ezequiel Ramin, assassinado durante uma missão de paz.
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Com o tema “P.e Ezequiel Ramin: testemunho e profetismo na Amazônia” e o lema “Gerando vida, resistência e esperança”, realizou-se a 7ª Romaria de padre Ezequiel Ramin, missionário comboniano que foi morto há 37 anos, em Rondolândia, no Brasil. Foi emboscado, no dia 24 de Julho de 1985, enquanto voltava de mais uma tentativa de pacificação de conflitos entre posseiros e latifundiários.

A Romaria foi preparada por uma grande celebração na cidade de Cacoal, onde o padre Ezequiel vivia. Centenas de pessoas reuniram-se numa Eucaristia liturgicamente rica de símbolos e testemunhos, presidida por D. Norberto Foerster, bispo de Ji-Paraná, com a concelebração de dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho.

«O P.e Ezequiel era um amigo de Deus, como Abraão na leitura de Genesis, permitindo-se o atrevimento de negociar com o Senhor pela vida de todos, em Nínive. E um amigo do povo, como o amigo do Evangelho que incomoda o outro à noite, para que quem tem fome consiga um pão», disse D. Norberto.

No dia seguinte, os dois bispos e muitos representantes das comunidades da diocese deslocaram-se até Rondolândia, o lugar do assassinato do padre Ezequiel, que ococrreu no dia 24 de Julho de 1985. Lá, se encontraram com pessoas que vinham de outras regiões da Amazônia e do Brasil, marcadas pelo exemplo de P.e Ezequiel e pela opção eclesial e evangélica que sua vida e sua morte destacam.

Junto aos gestos singelos e profundos de devoção popular, na capelinha dedicada ao Servo de Deus, havia testemunhos comoventes, como aquele de dona Geni, que doou uma parte da terra dela para um espaço permanente de acolhida dos romeiros e romeiras.

Ou de Carlos, indígena arara, presente com sua família à celebração: «Ele morreu por nós. Eu ainda tenho a sua figura bem aqui em meus olhos. Ele morreu porque queria nos proteger».

Depois de quase três quilômetros de caminhada orante, alternando cantos, oração, escuta de textos do magistério da Igreja na Amazônia, os participantes reuniram-se num momento de partilha dos alimentos e também das sementes crioulas, na valorização da agroecologia, contra os agrotóxicos e os transgénicos. Finalmente, a Eucaristia campal, debaixo das árvores, ao lado do lugar da emboscada. Dom Roque perguntou ao povo de Deus: «O que faria o P.e Ezequiel na Igreja e na sociedade de hoje? O que significa hoje viver o perdão e a não violência, opção chave do padre e até de seus familiares, depois do assassinato? Qual é o meu, o vosso compromisso concreto, para que o exemplo de pe. Ezequiel continue vivendo através de nós?».

A Igreja da Amazônia continua a fazer memória dos seus mártires, cristãos que encarnaram até o fim, com a radicalidade do amor, a missão de Jesus e a busca do Reino de Deus.

(P. Dario Bossi e redação)

Veja o vídeo com o resumo da Romaria:

 

 

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