A abertura de uma comunidade em Macau e, mais tarde, de uma outra em Taiwan, foram os alicerces que permitiram a presença comboniana no contexto chinês. No entanto, continuávamos a olhar para a China continental, onde queríamos estar presentes.
Embora a tarefa fosse complexa, no final de 1998 tinha-se sido elaborado um plano para concretizar este sonho. Chamava-se o Projecto Fen Xiang, que sublinhava a visão de partilha e entreajuda entre as Igrejas, de que os Combonianos queriam ser instrumentos e animadores. O seu objectivo era promover um tipo de presença que permitiria aos Combonianos estar em contacto e, de algum modo, partilhar as preocupações da Igreja na China. Incluía também uma dimensão social, mediante a promoção do desenvolvimento humano integral e o envolvimento em projectos de apoio a crianças pobres, orfanatos com crianças portadoras de deficiência física, doentes de sida e lares para idosos.
Desde o início, a presença na China continental foi uma estratégia que, na sua forma e aplicação, se desenvolveu lentamente naquilo a que chamamos «missão comboniana itinerante». A itinerância comboniana na China começou em Outubro de 1998, com viagens, contactos e interacções com os responsáveis eclesiais.
Em vinte e sete anos de existência, o Projecto Fen Xiang abriu novas frentes e lugares na sua inserção e colaboração com a Igreja chinesa. Os seus objectivos têm-se centrado na difusão do espírito missionário da Igreja, num compromisso inquestionável com os mais pobres da sociedade e numa missão itinerante que se concretiza nas viagens de Macau à China continental.
Objectivos
O objectivo geral de Fen Xiang é fazer crescer e fortalecer a Igreja local para que esta possa crescer e realizar iniciativas e projectos específicos. Existe uma boa colaboração com a Igreja na China no domínio da formação através de bolsas de estudo para sacerdotes, professores de seminário e religiosos que se preparam nos domínios religioso, teológico e pastoral, bem como nas ciências sociais ou da saúde, especializando-se em áreas que lhes permitam servir melhor a sociedade.
A equipa do Fen Xiang, que visita periodicamente a China, dá cursos de formação e exercícios espirituais e partilha as preocupações da vida religiosa e missionária com seminaristas, religiosos, sacerdotes e leigos, sobretudo no Norte do país, nas províncias de Gansu, Hebei, Henan, Shanxi, Shaanxi, Henan, Sichuan e Shenyang; anima também a Igreja local e dá a conhecer São Daniel Comboni e o espírito missionário comboniano; deste modo, serve de ponte entre as Igrejas.
Fen Xiang está também empenhado em projectos de promoção humana para exprimir a dimensão social da fé, inseparável da vocação missionária junto dos mais pobres.
O que foi claro desde o início, e continua a sê-lo hoje, é que Deus inspirou o Projecto Fen Xiang e estava em sintonia com as características fundamentais do carisma comboniano: a preocupação com os marginalizados da sociedade (apoio a orfanatos, centros de assistência, bolsas de estudo para estudantes pobres do campo); a necessidade de partilhar o espírito missionário com a Igreja local (através de cursos, boletins informativos, contactos pessoais e contributos através de retiros); a formação religiosa da Igreja local (retiros anuais para sacerdotes, religiosas, seminaristas e leigos, cursos de formação para o pessoal da Igreja, campos de Verão e de Inverno para os jovens), para reafirmar que os chineses são os missionários do seu povo.
Nestes anos de caminho, podemos dizer que os resultados foram muito satisfatórios. Sacerdotes, professores de seminários e religiosos formaram-se em diversos lugares com a ajuda de Fen Xiang e, no seu país, assumiram cargos de responsabilidade para continuar a ajudar na formação cristã nas suas respectivas áreas.
Desafios
Os desafios tangíveis e óbvios de Fen Xiang não são isentos de dificuldades quando se realizam num contexto de insegurança. As visitas à China dependem de muitas circunstâncias, incluindo a obtenção de um visto.
Isto torna este projecto tipicamente missionário e comboniano. Foi e continua a ser uma obra escondida, onde prevalece a prudência, e todos os protagonismos devem ser deixados nas mãos da Igreja local. Por isso, continuamos a investir na formação integral dos seus agentes pastorais, incluindo a formação humana, espiritual, intelectual e pastoral dos leigos. Eles assumem a responsabilidade das actividades caritativas, da catequese e do impulso missionário.
Os frutos virão como e quando Deus quiser. No entanto, não há dúvida de que o testemunho da Igreja na China e dos seus agentes pastorais, que sofreram perseguições e continuam a sofrer o controlo do Governo, nos ajuda a pôr em prática o que defendemos: que façamos causa comum com as pessoas a quem somos enviados, que aprendamos com elas e caminhemos com a Igreja local com quem partilhamos a nossa vida.