Igreja
02 maio 2021

Peregrinação nacional de acólitos

Tempo de leitura: 6 min
O Santuário de Fátima deve ser exemplo para a Igreja Católica em Portugal.
Sérgio Carvalho
Professor e jornalista
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No dia 1 de Maio de 2021 completaram-se 25 anos da peregrinação nacional de acólitos ao Santuário de Fátima. Nos últimos anos, este acontecimento congregava alguns milhares de crianças, jovens e adultos que semanalmente servem como acólitos, no ministério do altar.

A Conferência Episcopal Portuguesa, na sua 200.ª assembleia plenária, publicou uma nota pastoral sobre este acontecimento.

Fomos falar com César Vicente, chefe dos acólitos do Santuário de Fátima, a este propósito. César Vicente tem 49 anos, actualmente trabalha como vigilante-sacristão no Santuário de Fátima e mora em Fátima. É acólito há 41 anos e sempre exerceu este ministério neste santuário, esta é a sua segunda casa. 

Sérgio Carvalho (SC) – O César é acólito no santuário de Fátima há quantos anos? Como é que se tornou acólito?

César Vicente (CV) – Comecei como acólito por convite de amigos e curiosidade pessoal, com os meus 8 anos a servir o Altar neste Santuário. Na altura éramos intitulados de «meninos do coro». Com o passar do tempo, e por volta do ano 1982-1983, o Santuário precisava de jovens para as celebrações pascais. Assim foi criado e crescendo este grupo de jovens acólitos.

SC – Este ano completam-se 25 anos desde a primeira peregrinação nacional de acólitos ao santuário de Fátima. Como é que tudo começou?

CV – Começou por ser uma iniciativa do chefe de acólitos da altura, Serafim Jesus, já falecido. Um pouco à «socapa» enviaram cartas convite a vários grupos que na altura conhecíamos. Palavra passa palavra e chegámos a números muito interessantes, que não esperávamos.

SC – Coube ao grupo de acólitos do Santuário de Fátima (GASF) o papel de pioneiros e de acolhedores. Como tem sido essa experiência?

CV – O Santuário é por natureza um espaço de acolhimento. Também nós assim crescemos sob as orientações do próprio Santuário. É sempre uma oportunidade para conhecermos novos grupos, trocar experiências, partilhar conhecimentos, o que é enriquecedor para todos. Sentimos como é servir o Altar, em união, com uma grande comunidade. Daí reforçamos a importância de manter esta peregrinação e reunirmos esforços para que esta se mantenha por muitos e bons anos.

SC – Quais os principais objectivos, na sua perspectiva, desta peregrinação? E qual a sua importância para os acólitos portugueses?

CV – Vejo esta peregrinação como uma oportunidade para cada um destes acólitos redescobrir o seu caminho de santidade, cada um à sua maneira, sendo original, aceitando o convite de ser santo. Nestes tempos conturbados em que os condicionalismos são muitos, acredito que não seja possível a presença física de todos os acólitos que desejariam peregrinar a Fátima neste dia. Contudo, mesmo que a sua participação seja de modo digital, desejo que todos olhem o convite de ser santo. Vinte e cinco anos de peregrinação é um marco, é momento de dar graças por esta peregrinação, peregrinação que temos de continuar para envolver jovens no caminho de Cristo ressuscitado, a exemplo do nosso padroeiro São Francisco Marto.

SC – Como é servir no santuário que acolhe o túmulo do padroeiro nacional dos acólitos, São Francisco Marto?

CV – É uma honra e uma responsabilidade. O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima deve ser exemplo para a Igreja Católica em Portugal e no mundo. Com esta consciência torna-se uma grande responsabilidade servir o altar do mundo. Temos a presença sempre fiel de São Francisco Marto e do seu amor a Nosso Senhor «Jesus escondido» como ele lhe chamada, que deve ser para nós inspiração e testemunho no exercício deste Ministério.

SC – Actualmente, quantos são os acólitos que habitualmente servem no santuário? Como fazem a sua formação?

CV – Actualmente temos 40 acólitos; neste tempo servimos só na missa das 11 horas ao domingo, dias santos e outras solenidades equiparadas. Desejamos retomar o serviço noutras celebrações como fazíamos antes da pandemia. A formação de todos os acólitos, começa pela vivência no ministério na execução das tarefas em altar, formação em sala e curso de formação mais detalhada conforme as várias funções.

SC – Que mensagem quer deixar aos acólitos portugueses, a partir da Cova da Iria?

CV – Acolham o convite que Nossa Senhora fez, neste lugar, aos Pastorinhos: Quereis oferecer-vos a Deus? Deixem-se envolver neste desafio, caminhando para a santidade com originalidade. Saboreiem e vivam bem este ministério, que é belo, o de servir o Altar do Senhor. Sejam corajosos e empáticos sempre nas vossas diferenças para o bem comum. Não há limites ou padrões para ser acólito, apenas é preciso coragem para acreditar e se entregar a Jesus ressuscitado.

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